O Aristocrata pertence a uma classe, a uma raça, de servidores. Os seus privilégios, as suas garantias, vinham apenas da certeza de que cada homem-bom procurasse, acima de tudo, o bem do seu Rei e das instituições do seu Reino, das leis que o regiam e, acima de tudo, da Santa Igreja.
Não usa esta mesma a sua própria aristocracia, escolhida entre o seu seio, para a reger? Não foi Jesus Cristo, o Ungido, nascido no seio da nobre Casa de David, escolhida por Deus para reger os destinos de Israel? É esta a fonte do dever do aristocrata. Servir. Obedecer, obedecer cegamente sem nunca desguarnecer o coração. É esta a beleza do nosso ideal. E relativizar este ideal à mera pureza de sangue, como se já tentou, é o maior crime contra esta instituição. Diferentemente de muitos nobres e brazonados da Causa Legitimista, o chefe do estado-maior do nosso último rei legítimo, Dom Miguel I, e seu fiel amigo, era um plebeu, que nunca faltou à lealdade perante o seu legítimo soberano. O Nobre, acima de tudo, não serve dois senhores, muito menos essa hidra de mil cabeças que é a República Democrática Portuguesa. Entre os nobilitados não se encontram apenas gerações de duzentos anos, mas também homens que se revelaram por serviços à sua pátria, pela sua lealdade e pela bondade com que praticaram suas acções. A destruição do ideal aristocrata deu-se a partir do momento em que a Aristocracia passou a ser sinónimo de progresso material.
Nada obriga o aristocrata a ser rico, nem a riqueza é um critério sagrado para a reverência social (de acordo com o Catolicismo). Antes, o descendente de um homem valoroso recebia, dependendo dos actos deste e do julgamento da Monarquia, a recompensa devida, a mais bondosa herança - a sua posição social, o sagrado símbolo da Família. Hoje, a única coisa que se herda dos pais é o vil metal, e uma palmada nas costas, ou pior, uma medalha. Pobres dos que não se entregam à redutora procura do dinheiro, pois ganham o Céu, mas deixam os filhos na miséria, e com a pergunta na boca - não teria valido mais a pena colocar de lado os meus princípios, e deixar aos meus filhos aquilo que os outros deixam aos seus, para seu conforto e felicidade?
O Homem Nobre é o Homem Bom, que ama os que sofrem e não participa dos festejos dos vencedores. A história da Igreja é uma história de derrotas - os Miguelistas, os Carlistas, o Sonderbund, os Habsburgos, a destruição do Catolicismo no Norte da Europa, etc.
No entanto, derrotados em vida, foram os vencedores, na mesma maneira d'Aquele que venceu na Morte. Antes como agora e sempre, a ressurreição da Igreja depende dos seus fiéis, dos que a servem e lhe são vassalos.