sexta-feira, 30 de julho de 2010

Combate e descanso..

Eu não tenho escrevido muito, porque encontro sempre textos mais sábios, referentes aos assuntos que gosto de tratar, e mete-os no blog. Por isso só venho aqui dizer, que o blog no mês de Agosto, não será actualizado, pelo menos durante as duas primeiras semanas, quanto às semanas finais de Agosto talvez ainda poste qualquer coisa referente aos erros do liberalismo.. mais uma vez, quase de certeza que serão textos retirados de livros que eu tenho lido, como o do Mons. Marcel Lfebvre, Do Liberalismo à Apostasia, no qual os últimos textos que tenho postado foram retirados.. Aproveito também para escrever, e relembrar o motivo no qual o blog foi feito, tentar reunir jovens portugueses que tenham amor à Santa Igreja, e por isso combatam todas as heresias do qual hoje a Igreja sofre, num mar muito turbulento que é a imagem do mundo de hoje.. Agradeço a Deus e a Maria Santíssima, que apesar dos meus pecados e quedas, que são muitos e que me acompanham a mim, mas também a vida deste blog, ainda assim tem desenvolvido devagar, mas saudável e sem perigo de morte.. Que o Espírito Santo inspire muitas almas para o combate cristão, contra os erros e pecados, para a glória da Santa Igreja, para a glória de Jesus Cristo, para glória de Deus! Quem partilha deste 'sentimento', ou muito melhor, quem partilha a submissão da sua razão à autoridade da revelação divina, que é a Fé, pode sempre comunicar-me comigo pelo mail: chamadourique@gmail.com, nem que seja só para abrasar e aquecer os nosso corações na fé, pois a fé é como o fogo que incendeia e aumenta a sua chama quando junta-se a outras, e nos dias mais frios precisamos sempre de vigia-la com mais cuidado, para que não morra!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Objecção Liberal contra a Cidade Católica

Pelo que foi dito acima, creio que se compreende bem que na história não há nenhuma lei imanente do progresso da liberdade humana, da emancipação da cidade temporal quanto à submissão a Nosso Senhor Jesus Cristo.
Mas dizem os liberais como o Príncipe Alberto de Broglie em seu livro "A Igreja e o Império Romano no séc. IV", o regime que desejais da união da Igreja e do Estado, que foi a dos Césares cristãos e germânicos sempre conduziu a uma submissão da Igreja ao Império, a uma molesta dependência do poder espiritual ao temporal. Diz o autor: " a aliança entre o trono e o altar nunca foi durável, nem sincera, nem eficaz"1. Como consequência a liberdade e independência destes dois poderes tem valor.
Deixo ao Cardeal Pio, o cuidado de responder a estas acusações liberais; ele não tem dúvida em qualificar estas afirmações temerárias como trivialidades revolucionárias:

"Se vários príncipes ainda neófitos e ainda não desligados dos costumes absolutistas dos Césares pagãos, desde o princípio trocaram a protecção legítima por opressão; se procederam com rigor contrário ao espírito cristão (geralmente lutando por uma heresia, a pedido de bispos hereges), houve na Igreja homens de Fé e de valor como Hilário, Martinho, Atanásio e Ambrósio, para chamá-los ao espírito de mansidão cristã, para repudiar o apostolado da espada, para declarar que a convicção religiosa jamais se impõe pela violência e finalmente proclamar com eloquência que o cristianismo, que se havia propagado apesar da perseguição dos príncipes, podia prescindir de seus favores e não devia se colocar sob nenhuma tirania. Nós conhecemos e temos pesado cada palavra destes nobres atletas da Fé e da liberdade de sua Mãe a Igreja. Mas tendo protestado contra os abusos e excessos e censurado as acções intempestivas e falta de inteligência que às vezes atentavam contra o princípio e as regras da imunidade sacerdotal, nenhum destes seus chefes têm o dever de professar publicamente a verdade cristã, harmonizar com ela seus actos e instituições e também proibir com leis quer preventivas ou repressivas, segundo as disposições do tempo e dos espíritos, os atentados que deram carácter de patente impiedade e introduziram a inquietação e a desordem no meio da sociedade civil e religiosa"2

É um erro, ao qual foi dado destaque e que este trecho do Cardeal esclarece bem, dizer que o regime de "só liberdade" seja um progresso em relação ao regime de união das duas potências. A Igreja nunca ensinou que o sentido da História e o progresso consistem na tendência inevitável para a emancipação recíproca do temporal em relação ao espiritual. O sentido da História de Jacques Maritain e de Yves Congar não passa de um contra-senso. Esta emancipação que descrevem como sendo um progresso, não passa de um divórcio ruinoso e blasfemo para a cidade e Jesus Cristo. Foi necessária a falta de vergonha de "Dignitatis Humanae" para canonizar este divórcio, e isto, suprema impostura, em nome da verdade revelada!
Por ocasião da conclusão da nova concordata entre a Igreja e a Itália, João Paulo II declarava: "nossa sociedade se caracteriza pelo pluralismo religioso", e dava a consequência: esta evolução demanda a separação entre a Igreja e o Estado. Mas em nenhum momento João Paulo II pronunciou um juízo sobre esta troca mesmo sendo para deplorar a laicização da sociedade, ou simplesmente dizer que a Igreja se resignava a uma situação de facto. Não, sua declaração como a do Cardeal Casaroli, louvava a separação da Igreja e do Estado, como se fosse o regime ideal, o resultado de um processo histórico normal e providencia, contra o qual nada se pode dizer! Dito de outra forma: "Viva a apostasia das nações, eis aí o progresso!" Ou então: "Não devemos ser pessimistas! Abaixo os profetas de calamidades! Jesus Cristo já não reina? Que importância têm? Tudo bem! De qualquer modo a Igreja marcha rumo ao cumprimento de sua história. E depois de tudo Cristo vem, aleluia!". Este optimismo simplista enquanto já se acumulam as ruínas, este fatalismo, não são os frutos do espírito de erro e descaminho? Tudo isto me parece absolutamente diabólico.

1 Op. cit., T.IV, pág. 424, cit. Pelo P. T. De St Just,pág. 55.
2 3º instrução sinodal sobre os principais erro do tempo presente, Obras, T-V, pág. 178.


Texto retirado do livro: "Do liberalismo à Apostasia - a Tragédia Conciliar"
Autor: Mons. Marcel Lefebvre Editora Permanência

terça-feira, 20 de julho de 2010

Sentido da História para os Liberais

Senso ou Contra-Senso

Para os católicos chamados liberais, a história tem um sentido, ou seja, uma direcção. Na terra, esta direcção é imanente: a liberdade. A humanidade é empurrada por um sopro imanente para um consciência crescente da dignidade da pessoa humana, para uma liberdade cada vez maior de livre de toda a coacção. O Vaticano II se fará eco desta teoria dizendo, a exemplo de Maritain (Católico Liberal):

"Em nosso tempo, a dignidade da pessoa humana é objecto de consciência cada vez mais viva; são cada vez mais numerosos os que reivindicam para os homens a possibilidade de agir de acordo com suas próprias opiniões e segundo sua livre responsabilidade"1

Ninguém discute que seja desejável que o homem se encaminhe livremente para o Bem; mas é muito discutível que nossa época ou mesmo o sentido da história em geral, estejam marcados por uma consciência crescente da dignidade e liberdade humana. Somente Jesus Cristo ao conferir aos baptizados a dignidade de filhos de Deus, mostra aos homens em que consiste sua verdadeira dignidade: a liberdade de filhos de Deus de que fala São Paulo (Rm 8, 2). Na medida em que as nações se submeteram a Nosso Senhor Jesus Cristo, viu-se com efeito o desenvolvimento da dignidade humana e um sã liberdade; mas desde a apostasia das nações com a instauração do liberalismo, é forçoso verificar que, pelo contrário, se não reina Jesus Cristo "as verdades diminuem entre os filhos dos homens" (Sl 11, 2), a dignidade humana é cada vez mais desprestigiada e achatada, e a liberdade fica reduzida a um tema sem vazio sem qualquer conteúdo.
Em alguma época da história já se viu um empreendimento tão radical e colossal de escravidão, como a técnica comunista de escravizar as massas?2 Se Nosso Senhor nos convida a "ver os sinais dos tempos" (Mt. XVI, 4), então foi necessária uma cegueira voluntária dos liberais e um concluio absoluto de silêncio, para que um concílio ecuménico reunido precisamente para ver os sinais de nosso tempo3, se calasse acerca do sinal dos tempos mais evidente, que é o comunismo. Este silêncio basta por si só para cobrir de vergonha e reprovação este Concílio, diante da História, e para mostrar o ridículo do que alega o preâmbulo de "Dignitatis Humanae", que lhes citei.
Por conseguinte, se a história tem um sentido, não é certamente a tendência imanente e necessária da humanidade para a liberdade e a dignidade; isto não passa de uma invenção "ad justificandas justificationes suas", para justificar seu liberalismo, para cobrir coma máscara enganosa do progresso o vento gelado que fazem soprar sobre a cristandade, há dois séculos.

1 - Declaração sobre a Liberdade Religiosa, preâmbulo.
2- Cf. J. Madirain, "La vieillese du Monde" DMM, Jarzé, 1975.
3 - Cf. Vaticano II, "Gaudium et Spes", nº4 & 1, 11 & 1.


Texto retirado do livro: "Do liberalismo à Apostasia - a Tragédia Conciliar"
Autor: Mons. Marcel Lefebvre Editora Permanência

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Jesus Cristo, Centro da História

Qual é pois o verdadeiro sentido da História? Há por acaso um sentido da História?
Toda a História tem por centro uma pessoa: Nosso Senhor Jesus Cristo, porque como diz São Paulo:" Nele foram fundadas todas as coisas, as dos Céus e as que estão sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, dominações, principiados o potestades. Tudo foi criado por Ele e nEle, e Ele é antes de todas as coisas e nEle todas subsistem. Ele é a cabeça do corpo da Igreja, sendo Ele mesmo o princípio (...) para que em tudo tenha o primeiro lugar. Deus quis que toda a plenitude habitasse nEle, e por meio dEle reconciliar todas as coisas tanto as da terra como as do céu, trazendo a paz mediante o sangue de sua Cruz"1
Jesus Cristo é portanto o centro da História. A História tem somente uma lei: "é necessário que Ele reine" (1 Cor 15, 25). Se Ele reina, reinam também o verdadeiro progresso e a prosperidade, que são bens muito mais espirituais que materiais. Se Ele não reina, vem a decadência, a caducidade, a escravidão em todas as formas, o reino do mal. É o que profetiza a Sagrada Escritura:" Porque a nação e p reino que não te servem perecerão, estas nações serão completamente destruídas" (Is 60, 12). Há excelentes livros sobre a filosofia da história, mas que me deixam surpreso e impaciente ao comprovar que omitem este princípio absolutamente capital ou não o põe no lugar que lhe é devido. Trata-se do princípio da filosofia da História, sendo também uma verdade da Fé, verdadeiro dogma revelado e confirmado centenas de vezes pelos factos!
Eis a resposta à pergunta: Qual é o sentido da História? A história não tem nenhum sentido, nenhuma direcção imanente. Não existe o sentido da história. O que há, é um fim da História, um fim transcendente: a "recapitulação de todas as coisas em Cristo"; é a submissão de toda ordem temporal à sua obra redentora; é o domínio da Igreja militante sobre a cidade temporal que se prepara para o reino eterno da Igreja triunfante no céu. A Fé afirma e os factos o demonstram que a História tem um primeiro centro: a Encarnação, a Cruz, Pentecostes; ela teve seu completo desenvolvimento na cidade católica, quer seja no império de Carlos Magno ou na república de Garcia Moreno; e terminar, chegará a seu centro final quando o número de leitos se completar, depois do tempo da grande apostasia (2 Tess, II, 3); não estamos vivendo este tempo?

1. Cl 1, 17-21

Texto retirado do livro: "Do liberalismo à Apostasia - a Tragédia Conciliar"
Autor: Mons. Marcel Lefebvre Editora Permanência

terça-feira, 13 de julho de 2010

Acção de Judas na Igreja

Tal como Judas que pactuou uma aliança com as autoridades Judaicas para entregar Cristo, os lobos vestidos de ovelha, que como vírus mortal ferem e enfraquecem o corpo de Cristo, venderam-na e pactuaram com os principais inimigos históricos da Igreja.
O Protestantismo que muitas almas retirou à Igreja, os maçons criadores da revolução e os comunistas herdeiros desta, viram - se servidos e satisfeitos no histórico concílio Vaticano II..

O Pacto Triplo

- "Maçons, o que quereis?" O que solicitais de nós? Tal é a pergunta que o Cardeal Bea fez aos Bnai B'rith antes do começo do Concílio: a entrevista foi relatada por todos os jornais de Nova Iorque, onde ela se realizou. Os maçons responderam que queriam a "liberdade religiosa!", o o que quer dizer todas as religi~pes em plano de igualdade. A Igreja, de agora em diante, não há de ser chamada a única e verdadeira religião, o único caminho de salvação, a única admitida pelo Estado. terminemos com este privilégios inadmissíveis e declarai então a liberdade religiosa. Eles o conseguiram foi a "Dignitatis Humanae".

- "Protestantes, o que quereis?" O que solicitais para que vos possamos satisfazer e rezar juntos? A resposta foi: Trocai vosso culto, retirai aquilo que não podemos admitir! Muito bem, lhes foi dito, inclusive os chamaremos quando formos elaborar a reforma litúrgica. Vós formulareis vossos desejos e a eles nós ajustaremos nosso culto! Assim aconteceu: foi a constituição sobre a liturgia "Sacrossanctum Concilium", primeiro documento promulgado pelo Vaticano "", que dá os princípios e o programa detalhado da adaptação litúrgica, feita de acordo com o protestantismo1; depois o "Novus Ordo Missae" promulgado por Paulo VI em 1969.

- "Comunistas, o que solicitais, para que possamos ter a felicidade de receber alguns representantes da Igreja Ortodoxa russa no Concílio? Alguns emissário do K. G. B.!" A condição exigida pelo patriarca de Moscovo, foi a seguinte: " Não condeneis o Comunismo no concílio, não faleis neste tema!". (Eu acrescentaria: sobretudo nada de consagrar a Rússia ao Oração Imaculado de Maria!) e também "manifestai a abertura do diálogo connosco". E o acordo2 se fez, a traição foi consumada: " Estamos de acordo, não condenaremos o comunismo!" Isto mesmo foi executado ao pé da letra: eu mesmo levei, juntamente com Mons. de Proença Sigaud, uma petição com 450 assinaturas de Padres conciliares ao Secretário do Concílio Mons. Felici, solicitando que o Concílio pronunciasse uma condenação da mais espantosa técnica de escravidão da história humana. Depois nada acontecia, perguntei onde estava o pedido. Procuraram e finalmente me responderam com um desenvoltura que me deixou estupefacto: " Seu pedido se extraviou numa gaveta..."3. E não se condenou o comunismo; oumelhor, o Concílio cuja intenção era discernir "os sinais dos tempos", foi condenado por Moscovo a guardar silêncio sobro o mais evidente e monstruosos dos sinais dos tempos actuais!
Está claro que houve no Concílio Vaticano II um entendimento com os inimigos da Igreja, para terminar com as hostilidade para com eles. É um entendimento com o Diabo!


1- Os princípios da revolução litúrgica se encontravam nele, mas de modo que se passaram desaparecidos aos desavisados.

2- Entre o Cardeal Tisserant, mandatário do Papa João XXIII e Mons. Nicodeme, concluído em MEtz em 1962(Cf. Inineraires, Abril de 1963, Fevereiro de 1964, Julho e Agosto de 19784).

3- Cf. Wilgen, pág. 269-274.

Texto retirado do livro: "Do liberalismo à Apostasia - a Tragédia Conciliar"
Autor: Mons. Marcel Lefebvre Editora Permanência

sábado, 10 de julho de 2010

Ordem do Templo, São Bernardo e os Cistercienses na Fundação de Portugal III

Os cistercienses escolheram para capital o vale formado pela confluência dos rios Alcoa e Baça, chamada a essa nova cidade Alcobaça. O castelo sobranceiro à colina, mandado erigir por D. Afonso Henriques para protecção dos monges, foi posteriormente destruído por terramotos e caçadores de tesouros.O Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, que além de ser o mosteiro situado mais a sul de entre os 340 que os cistercienses construíram por toda a Europa, a mando de São Bernardo, é um dos cerca de duas dezenas que ainda existem em Portugal. A sua Igreja é, talvez, o mais belo exemplo que resta da arquitectura medieval cisterciense, suplantando mesmo qualquer exemplar da Borgonha, incluindo Fontenay (a igreja dos cistercienses, em Clairvaux, foi transformada em prisão para criminosos loucos).
À semelhança do que acontecia em relação a outras artes, as obras arquitectónicas dos cistercienses tentavam conciliar beleza com simplicidade. Talvez, por isso, alguns especialistas tenham classificado o estilo de «severo» - um termo que, de facto, não parece muito apropiado quando entramos no MOsteiro Alcobaça. Bernardo proibiu o uso de vitrais, dourados e estatuária. Encontramos uma longa nave - que creio ser a maior do país - constituída de pilares brancos esguios que se elevam até aos tectos abobadados, intercalados por feixes de luz que entram através dos vidros transparentes. O padrão e a simetria repetem-se em cada uma das coxias laterais. Mais ou menos a meio da nave encontram-se duas capelas frente a frente, uma com o túmulo de D. Pedro I e a outra com o de sua mulher, D. Inês de Castro. Mulher nobre que integrou a corte portuguesa como a dama de companhia, tendo casado com D. Pedro sem o consentimento do pai deste, que, por vingança, ordenou a sua morte. D. Pedro mandou-a embalsamar e, quando ascendeu ao trono, colocou-a a seu lado, obrigando os cortesãos a beijarem-lhes a mão. Aos pés do túmulo de D. Pedro, existe um baixo-relevo evocando o seu último dia de vida, no leito da morte, alimentando-se de sopa e recebendo o sacramento da unção dos enfermos. Aos pés de D. Inês, está representado o juízo final, com uns, mãos erguidas ao Céu, e outros descendo penosamente o declive rochosos que conduz ao Inferno.
O rei D. Dinis, que ascendeu ao trono em 1279, quando tinha 18 anos, mandou construir o principal claustro ao lado da Igreja. Incluía a projecto a Casa do Capítulo, onde frequentemente se reunia em conselho com o abade e outros membros superiores da ordem, uma câmara real, que, funcionando, em certos períodos, como residência sua e de sua mulher, D. Isabel, aí recebia os convidados, e ainda uma sala tumular real. Considerado como um dos maiores monarcas portugueses de todos os tempos, ligou-se de tal modo aos «irmãos agrónomos» de Alcobaça que os seus cronistas lhe chamaram o Rei Lavrador. Os que arroteavam a terra ficavam isentos de impostos sobre o produto das colheitas, e aos rendeiros que, pondo em prática o conselho dos monges, conseguiam produzir mais e melhor eram concedidos freeholds1 dentro de dez anos.
Foi um projecto pessoal da rainha Santa Isabel desenvolver os pinhais, cuja plantação os monges de Cister tinham iniciado na planície costeira. Os estaleiros, onde os frades construíam navios de madeira, foram também expandidos. Pela primeira vez, desde a era romana, Portugal começava a negociar com o resto da Europa....
No reinado de D. Dinis, Portugal tornou-se um dos primeiros países a inovar nos seguros. Os armadores pagavam taxas à recém-criada Bolsa de Lisboa, que os ressarcia, na eventualidade de um dos seus navios ser assaltado pelos piratas ou afundado numa tempestade. D. Dinis também se notabilizou por ter fundado o ensino superior em Portugal, recrutando para tal professores em Paris. Diz-se que os primeiros estudantes se entregaram de tal modo e tão intensamente aos prazeres citadinos de Lisboa que o rei decidiu transferir a nova universidade para o ambiente mais espartano de Coimbra. Também é referenciado como o pai da literatura portuguesa. Até então, poucos eram os letrado fora da Igreja e quase tudo o que se escrevia era em latim ou borgonhês ( por vezes erradamente chamada provençal). D. Dinis determinou que a língua do povo seria o galaico, tendo procedido a adaptações que a transformaram numa língua distintamente portuguesa. Nela escreveu um grande número de poemas e de trovas. Talvez a sua proeza menos reconhecida a nível internacional tenha constituído na garantia de continuidade dos templários. Todos os livros que conheço sobre esta misteriosa ordem militar dão como certo que ela foi extinta na sequência das perseguições movidas pelo rei Filipe IV de França e pelo Papa Clemente V. Em princípios do século XIV, os cavaleiros templários tinham conseguido em França uma riqueza de tal modo espantos que eram donos de cerca de um terço da cidade de Paris. A família real francesa era uma das muitas que lhes deviam dinheiro. Apesar de tudo, Filipe IV tentou obter um novo empréstimo para financiar a desejada ocupação militar da Bélgica, o que foi recusado pelo grão-mestre, Jacques de Molay. Na sexta-feira, dia 13 de Outubro de 1307, ainda antes do amanhecer, todos os templários, em França, foram detidos por funcionários do rei, que confiscaram, para o tesouro real, toda a riqueza que puderam encontrar. Os monges foram acusados de delitos que iam desde o cuspir no crucifixo à idolatria, e «osculação despudorada». O Papa Clemente V emitiu uma bula dirigida a todos os monarcas da cristandade, a Pastorali Praeminenses, onde se determinava a prisão dos templários nos diferentes países, e a confiscação de tos os seus bens, o que, de acordo com os relatos conhecidos, ditou o fim da ordem.
(Na execução de Molay ele lança a sua famosa maldição, que provoca o fim da dinastia dos capetos, uma das causas para o inicio da guerra do 100 anos, que abre o tempo conhecido pelo outono da idade Média ou a crise dos séculos XIV e XV, açoitado pelo triângulo Maligno constituído pela guerra, fome e peste no qual terão morrido pelo menos 1/3 da população Europeia)
Alguns deles, no entanto, terão escapado à detenção. Diz-se que uma parte considerável do tesouro guardado em Chipre não foi confiscada. Em Portugal, D. Dinis minimizou a carta do Papa. O seu reino, que devia a existência à ordem, precisava agora dos seus membros para guardar a fronteira com a Espanha, ao longo das quais, aliás, tinha mandado construir um conjunto de castelos. Ordenou ao arcebispo de Braga que enviasse uma comissão de inquérito destinada a avaliar as acusações feitas aos templários. Inteiramente ilibados pelo arcebispo, D. Dinis anuiu formalmente às exigências do Papa, decretando a abolição da ordem em Portugal e a confiscação de tos os seus bens, ao mesmo tempo que anunciava a criação de uma nova ordem, a ordem de Cristo, cujo grão-mestre e todos os outros membros eram templários. A eles, na sua nova forma, ofereceu todos os bens e riquezas que lhes tinha acabado de confiscar. Os templários que tinham escapado às perseguições noutros países vieram aqui fixar-se. Crê-se, também, que trouxeram consigo o tesouro de Chipre, que alguns, ainda hoje, tentam encontrar, algures enterrado. Os cavaleiros de Cristo estabeleceram a sua sede em Tomar, nas margens do rio Nabão, perto da c0onfluência com o rio Tejo. Ainda hoje, o seu magnifico mosteiro fortificado domina a cidade. A sua capela é octogonal, uma forma que os templários entendiam que representava a harmonia de Deus com o Homem. Eram da opinião de que o Templo de Salomão tinha sido assim construído. Os monges, para acentuar a sua permanente actividade militar, costumavam assistir à missa, na capela, montados a cavalo.
Os cavaleiros atraíram à cidade artesãos para fabricarem armas, selas, vestuário, peças de olaria, mobília e utensílios agrícolas. Dividiram em herdades grande parte das terras que lhes foram devolvidas pelo rei, entregando-as a uma nova classe de fidalgos, alguns deles, de acordo com os arquivos locais, talvez simpatizantes dos templários vindos de França. Para beneficiar dos freeholds1 tinham de continuar a manter-se em forma como oficiais de cavalaria e, simultaneamente, treinaram os lavradores na arte de cavalgar, tanto em relação ao combate como na arte de esgrimir.
D. Dinis morreu em 1325 e a sua viúva, Isabel de Aragão, retirou-se para um convento, em Coimbra. Casaram quando ela tinha 12 anos, tendo rainha sido mãe muito nova. Pouco dado à monogamia, encheu-se de ciúmes doentios por D. Isabel, mandando-a prender durante algum tempo. libertada, ela mesmo criou, em Lisboa, um refúgio para mulheres vítimas dos maridos e um lar para crianças abandonadas. D. Isabel é actualmente considerada um dos santos mais populares do país. Reza a lenda que, um dia, transportando no avental comida que tinha ido buscar à cozinha real para dar aos pobres, foi interpelada pelo marido, que, gritando, irado, a acusou de roubo. Instada pelo rei a abrir o avental, dele caíram pétalas de rosas.
grande parte da vida da rainha Isabel foi dedicada à resolução de querelas familiares. Dissuadiu o filho a sublevar-se contra o pai, tendo, ainda, em outra ocasião, cavalgado entre os exércitos de pai e filho, desafiando-os a enfrentarem-se primeiros. Depois de suceder ao Pai, o novo rei, Afonso IV, marchou sobre Castela. Ao tomar conhecimento do facto, a mãe abandonou o claustro, galopando a cavalo em direcção ao exército português, conseguindo evitar a guerra, estava ela a começar. Ao regressar a casa terá sido, ao que parece, vitimada pela peste. Com ela acabaram os grandes dias do domínio da Casa de Borgonha em Portugal.

1- Propriedade fundiária normalmente atribuída em regimento perpétuo.

Texto retirado do livro "A Primeira Aldeia Global - Como Portugal mudou o mundo"
Autor: Martin Page - 6º edição Casadasletras

terça-feira, 6 de julho de 2010

A União Europeia e a mulher coroada com Estrelas

Fonte: http://milesecclesiae.blogspot.com/


Corria o ano de 1830 quando Nossa Senhora apareceu para uma jovem irmã vicentina residente em Paris chamada Catarine Labouré. A Virgem, que se apresentou como Nossa Senhora das Graças, pediu-lhe que mandasse cunhar medalhas reproduzindo a imagem que ela via. Assim se fez, surgindo a grande devoção da Medalha Milagrosa.

Num dos lados, a medalha mostra a imagem de Maria com o globo sob os pés e raios saindo de suas mãos e tendo ao redor a inscrição "Oh Maria, concebida sem pecado, rogai por nós, que recorremos a vós". Do outro lado, a cruz de Cristo e o M de Maria e dois corações: um coroado de espinhos, outro trespassado por uma espada. E ao redor de medalha, 12 estrelas - lembremo-nos de Apocalipse 12,1: "Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de 12 estrelas."

Pois bem, em 1950 o Conselho da Europa, instituição criada para trabalhar pela unidade europeia, promoveu um concurso para escolher a bandeira de uma futura Europa unida. O vencedor foi o desenhista francês Arsené Heitz, que propôs um círculo de 12 estrelas sobre um fundo azul. Anos mais tarde ele explicou que a inspiração surgiu quando adquiriu uma Medalha Milagrosa - ele, que rezava o terço todos os dias. O azul é a cor tradicionalmente associada a Maria desde tempos muito antigos e as estrelas são referência à Coroa da Rainha do Céu.

Curiosamente nunca houve uma associação entre o número de estrelas e o de países componentes da União Europeia, pois quando a bandeira foi oficial adoptada (em 8 de Dezembro de 1955), havia 15 países no Conselho da Europa. Vocês prestaram atenção à data em que a bandeira foi oficializada? 8 de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Imaculada Conceição (Oh Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós). Diante das críticas referentes à diferença entre o número de estrelas e o número de países, Heitz justificava que esse número simbolizava a unidade, pois eram 12 os apóstolos, 12 as tribos de Israel, etc.

A Selecção da Itália e o Manto de Maria

Outra referência oculta a Nossa Senhora está na cor da camisa da selecção italiana de futebol. O azul, que não aparece na bandeira da Itália, vem da antiga bandeira da Casa de Saboia, importante família da nobreza do país. No século XVI a bandeira da família ganhou essa cor para pedir protecção a Nossa Senhora. Esse estandarte familiar foi depois adoptado pela República Italiana como bandeira oficial dos presidentes, mas já era a cor do uniforme da Azzurra.

As informações são de Vittorio Messori no livro Hipóteses sobre Maria.

O único futuro

por Anselmo Borges

O casamento é a realização mais espantosa da humanidade. A mais utilizada forma de transmitir a existência e a única eficaz de transmitir a civilização. Que duas pessoas tão diferentes encontrem uma complementaridade fecunda para a vida e, através da sua união, dêem substância e continuidade à comunidade humana é sublime. Mais ainda, uma descrição objectiva do que está implicado na vida quotidiana de um casal mostra a qualquer observador perspicaz que ele é formalmente impossível. As núpcias que permanecem não são as fáceis e sem problemas, porque essas não há. Todos os casamentos são impossíveis. Alguns simplesmente existem e persistem. Os casamentos que duram constituem a realização mais espantosa da humanidade.

O nosso tempo adicionou aqui uma dimensão. Em vez de o considerar como ele é, um bem precioso, frágil e essencial, decidiu procurar formas alternativas de transmitir a existência e a civilização. Sempre houve promiscuidade, adultério, divórcio, união de facto, consequências directas da impossibilidade do casamento. Esta é a primeira época que admira e promove esses comportamentos, enquanto inova furiosamente em contraceptivos e procriação artificial. Além disso, desconfiando da capacidade dos pais para ensinar os valores básicos, entrega ao Estado ou ao mercado essa função. A doutrinação ideológica, mascarada ou não de educação, e os desenhos animados são as formas contemporâneas de transmitir a civilização.

A consequência disto, outra novidade, é a aparente derrocada conjugal. No caso português, a taxa bruta de casamento em 2008 foi de 4,1 por mil habitantes, metade da taxa de 1979 e pouco acima da taxa de divórcios, 2,5 por mil, que quadruplicou nestes 30 anos. Os nascimentos fora do casamento subiram de 8,2% em 1979 e 14,7% em 1990 para 36,2% hoje. Muitos interpretam estes números como a obsolescência do casamento. Pelo contrário, o espantoso não é serem tão negativos, mas ainda serem significativos.

Considerando a campanha cruel, esmagadora e obsessiva que as últimas décadas moveram contra o casamento, o que surpreende é que tenha resistido como resistiu, e continue a ser a mais utilizada forma de transmitir a existência e a única eficaz de transmitir a civilização. A maior parte das instituições assim atacadas desapareceu.

Filmes, revistas, séries e jornais, junto com leis, políticas, discursos e programas, todos se uniram para evidenciar o que sempre se soube: o casamento é impossível. Não notam que, ao fazê-lo, serram o tronco onde se sentam. Esta louca insistência nas óbvias dificuldades matrimoniais, sem alternativas válidas, só pode ter um resultado: a decadência social. Não só a fertilidade atingiu na Europa níveis de extinção da espécie, mas a solidão, depressão, traumas infantis, agressividade, suicídio chegaram a níveis patológicos. Os esforços do nosso tempo para abandonar o casamento só conseguiram destruir-nos.

Esta atitude tem as suas razões. Nasce da reacção a um erro dos séculos anteriores, que por vezes desequilibrou as duas dimensões do casamento. Nas gerações precedentes, o elemento romântico e emocional da união dos esposos foi frequentemente secundarizado em favor da estrutura social. Os pais combinavam os noivos porque casamento era, antes de mais, futuro do clã, alianças genealógicas, interesses de herança. Paixão, amor e sexo eram exteriores ao vínculo nupcial. Não se deve exagerar esta situação, porque a maioria dos casamentos sempre foi normal, mas certos estratos enviesaram neste sentido.

As gerações actuais caíram no extremo oposto. Repudiam justa e fortemente este modelo mas absolutizam a liberdade e emoções conjugais. Desprezando o casamento de conveniência e as alianças de clã acabam por abandonar o próprio casamento. O fundamentalismo erótico anula a relação ao primeiro obstáculo e chega a ridicularizar a procriação. Este modelo é tão desequilibrado quanto o anterior, mas, ao contrário dele, implica a extinção da sociedade. Porque o casamento, mesmo impossível, é o nosso único futuro.

naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Ordem do Templo, São Bernardo e os Cistercienses na Fundação de Portugal II

D. Afonso Henriques mandou construir um palácio e uma catedral para o bispo Gilberto, tendo oferecido uma mansão a cada um dos padres estrangeiros. Porque muitos dos cruzados leigos não queriam regressar aos seus países de origem, nem viver na cidade que tinham efectivamente destruído, Afonso Henriques cedeu-lhes algumas herdades a leste de Lisboa, designadamente nas imediações de Vila Franca de Xira, na margem norte do Tejo. Conta-se que, em resposta aos conselheiros que protestaram contra tais benesses aos bárbaros por parte da nova nação, o rei terá dito: «É porque sois tão gentis-homens que precisamos dessa gente para nos defender.»
Para Bernardo de Clairvaux, de regresso à Borgonha, a verdadeira luta pela conversão da zona sudoeste da Europa ainda não tinha sido travada e teria de recusar os métodos militares e evitar qualquer espécie de coacção. Os monges de Cister, que ele liderava, haviam renunciado à violência, ameaçados de excomunhão. Os seus objectivos eram a conversão das suas almas através de um processo gradual de crescente sintonia com a palavra de Cristo. Fora dos muros do mosteiros, não se devia pregar o Evangelho, mas sim vivê-lo. Só assim seria, de facto, possível mostrar que a dimensão do Cristianismo era superior ao do Islão.
A norte de Lisboa, Afonso Henriques concedeu a Bernardo, praticamente, a soberania sobre um vasto território, identificado actualmente pelo nome de costa de prata, que se estende das colinas de calcário do centro de Portugal até à Nazaré, no Atlântico, e de Óbidos até Leiria. Os monges de Cister, vindos da Borgonha para tomar posse das terras, eram livres de fazer as suas próprias leis, administrar a justiça, cobrar impostos e criar e gerir empresas. Canonicamente, não dependiam de Gilberto nem dos outros bispos locais, mas directamente do Papa, através de Bernardo. AS terras que lhes tinham sido concedidas estavam praticamente abandonadas, já que, durante o século anterior, haviam funcionado como uma espécie de fronteira em constante mutação entre a Cristandade e o Islão. A maior parte dos habitantes que não tinham sido capturados, escravizados ou mortos, por um dos lados, tinham fugido ou haviam sido vítimas pela peste. Com a proibição das ordens religiosas em Portugal, os monges foram finalmente expulsos, em 1834. Ainda ali se encontram actualmente agricultores que são descendentes dos colonos trazidos pelos monges, nos séculos XII e XIII, e também, ao atravessar-se a região de automóvel, se pode constatar que as zonas mais afastadas das estradas principais permanecem, em grande parte, como foram recriadas pelos cistercienses há 800 anos. Pomares de maças, pêssegos, pêras e marmelos coabitam com laranjeiras e limoeiros, meloeiros e morangueiros, e, nos campos, multiplicam-se as colmeias. Existem caracóis, codornizes, vários tipos de aves domésticas e faisões domesticados. Há vinhas nas encostas pedregosas e pinhais na planície arenosa costeira.
Os cistercienses, também conhecidos por Bernardos, introduziram as mais avançadas técnicas de agronomia e deram a conhecer uma enorme variedade de plantas de toda a Europa. Organizaram a extracção e a fundição do ferro e, junto à costa, desenvolveram a indústria da construção naval, das pescas, da extracção do sal, bem como a salga e a seca do bacalhau. A confecção de compotas e conservas segundo receitas suas ainda hoje é um importante negócio, havendo mesmo uma feira destes produtos, juntamente com presuntos e salsichas caseiras, realizada anualmente em Leiria, por ocasião da festa de São Bernardo. Introduziram ainda a arte do vidro, de tal modo que o cristal Atlantis é, hoje, o produto mais conhecido da região, a nível internacional.
Deram uma nova perspectiva social à vida do dia-a-dia, proibindo a escravatura nos seus domínios. Nas vinhas, como em outras actividades agrícolas, pagavam salários justos aos trabalhadores e os monges agiam não como patrões, mas trabalhavam lado a lado, executando as mesmas tarefas. A alfabetização, designadamente o domínio da língua franca europeia, o latim, que, até então, constituía um privilégio exclusivo da Igreja, passou a ser leccionado gratuitamente em escolas criadas para o efeito. O abade da ordem participava nos conselhos do rei como uma espécie de assistente social, ainda que, na prática, a sua acção fosse mais abrangente. Procurava garantir alimento aos que tinham fome, roupa e abrigo aos mais necessitados, assistência médica aos docentes, instrução aos jovens e apoio aos idosos.
Este relato terá sido classificado de demagogo por protestantes ingleses, de passagem pela região quando esta estava no auge, entre os séculos XVI e XVIII. Em 1774, o major Dalrymple, brindado com boa mesa e bom vinho pelos monges, escreveu no seu diário: «Estes pastores celestiais possuem tanta riqueza que se comprazem na preguiça e no ócio, o que constitui um empecilho para a sociedade.» Dez anos mais tarde, no entanto, o negociante escocês William Stephens considerava que o insucesso da oficina de tecelagem da cambraia se ficava a dever à generosidade dos monges em relação à população. «Ao distribuir bens supérfluos pelas populações, eles estão apenas a estimular o ócio. Tal facto torna ineficaz qualquer esforço de gestão, já que contribui para a diminuição de autoridade sobre os trabalhadores.»

Texto retirado do livro "A Primeira Aldeia Global - Como Portugal mudou o mundo"
Autor: Martin Page - 6º edição Casadasletras