quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Pelos valores da vida

por Luís Botelho Ribeiro

É por minha culpa, por minha grande culpa que o mesmo mundo que, desde o início de Agosto, acompanha com ansiedade a evolução das operações de salvamento da Vida Humana de 33 mineiros chilenos, prossegue indiferente ao abortamento da Vida Humana de 40 a 50 milhões de bebés concebidos em cada ano.

Cada dia que a perfuradora encrava ou retoma a sua actividade... as famílias sobressaltam-se ou recobram esperança. As redacções agitam-se, as televisões fazem directos e o cidadão comum vai seguindo o drama transformado numa novela que cada vez mais, felizmente, se desenha com final feliz para aqueles 33 seres humanos como nós, embora escondidos do nosso olhar directo, lá na sua mina a 700 metros de profundidade . No entanto, durante a mesmíssima paragem da máquina, há outros 120.000 seres humanos como nós que ninguém quer salvar lá do interior da sua pequena "mina".

- Porque razão se nos prende o olhar à televisão quando o telejornal nos mostra imagens daquela mina.. e nos afastamos quando nos mostram a vida humana intra-uterina que estamos a matar?
- Por que razão nos solidarizamos com os mineiros chilenos, mais ou menos jovens, e recusamos abrir o nosso coração a sentimentos de solidariedade para com os mais jovens dos portugueses?
- Por que razão, se preciso fosse, nos quotizaríamos para acelerar aquela perfuradora e antecipar a libertação dos mineiros... mas votámos conscientemente(?) no sentido de que uma parte das nossas quotizações ao estado seja usada para fazer com que 20.000 bebés portugueses jamais vejam a luz do dia?

Por isso reconheço que só pode ser "por minha, por nossa grande culpa", de todos os que nos dizemos pela Vida, que a nossa convicção não é proclamada mais alto à sociedade portuguesa. Só pelo nosso silêncio e passividade ainda se não tornou evidente para todos os portugueses que... se temos um coração humano que também bate pelos outros, temos de afirmar sempre e em qualquer lugar, oportuna e inoportunamente, que nenhum homem tem o direito de parar um coração humano!

A dignidade da Vida Humana não tem prazo de validade inicial ou final. E só quando a respeitarmos nos outros podemos esperar Justiça também para nós. Até lá, a luta continua e continuará sempre, sem medo nem cansaço. A próxima batalha está aí - vamos às presidenciais.

Está escrito que o presidente garante a constituição e também que a constituição garante a inviolabilidade da vida humana. Letra morta que temos hoje a possibilidade de transformar em letra viva! Tal é o compromisso que assumo consigo e em nome do qual peço que nos ajude a reunir 7500 declarações de apoio devidamente assinadas: que o estado português se oriente para a Vida, para a Família, para a Justiça, assumindo de forma consequente, no espírito, na letra e na prática, os valores da solidariedade cristã que, desde a fundação em Guimarães, sempre nos nortearam.

Guimarães, 30 de Setembro de 2010

NB - vd. notícia no jornal «público» de hoje, 30.09.2010, na pág. 14

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Para rir

Não consegui resistir em meter este vídeo, rir faz bem! ainda que o protagonista seja o Ministro das Finanças Suíço no parlamento do seu País, cuja o momento insólito (ver vídeo) mostra-nos que ele não deixa de ser humano como todos nós! Aparentemente ele ri-se ao ler a lei, devido à diligência que esta trata, acerca de um prato tradicional de comida Suíço!
Quando o estado legisla sobre estas coisas, acontece isto xD!

domingo, 26 de setembro de 2010

Que Direito?

O nosso primeiro-ministro José Sócrates encerrou o seu discurso na abertura da 65ª Assembleia Geral das Nações Unidas com esta pérola “O meu país é um país que acredita no primado do direito". Certamente a noção de direito que ele tem, não é a mesma que a minha, mas o primeiro-ministro que legalizou o aborto, o casamento homossexual e é favor da adopção destes, a favor de uma forma de eutanásia, certamente não acredita no primado da vida, pois decapitou em Portugal o direito à vida, nos momentos mais frágeis desta. E o que adianta defender o primado do direito, quando este direito é logo encapotado na sua origem, e já não falo de Deus, causa primeira da vida, mas na negação da primazia da vida humana, e da sua sacralidade, pois nenhum homem a criou.
O direito fundamenta-se e originou-se na história humana, devido à capacidade do homem de conhecê-lo e ter consciência deste, ao contrário de todos os outros animais que inconscientemente o obedecem, por isso jamais homem algum ou sociedade alguma, têm poder ou autoridade sobre o direito natural, sem se auto-destruir e aniquilar-se como hoje acontece. A vida existe antes de qualquer direito humano, e homem algum tem poder ou autoridade sobre Ela, só Deus que a criou.

Nota: Quando falo aqui em Vida, refiro-me principalmente às vidas humanas dentro do útero, que são sempre inocentes, e por isso uma barbaridade matá-los, ou aos suicidas legais, que escolhem acabar com a sua própria vida, como se fossem proprietárias da vida, e esta não tivesse sido dada. Quanto à questão do direito de uma sociedade poder executar alguém culpado segundo as leis positivas alicerçadas sob o direito natural, isso é outra questão mais complexa.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A luta de Bento XVI

Já estamos a ficar habituados às temerosas expectativas, sempre que o Papa viaja, para logo em seguir ele romper todas as imagens e ilusões com o brilho da pregação Católica, para arrebatar as almas e inteligências desses afortunados países como já aconteceu em Portugal que como Pai acalenta e deixa saudades. E tal como os soldados caíram quando Cristo disse-lhes quem É, o mundo silencia-se perante as palavras do Papa, cessando os seus ataques. Não nos surpreende, o mundo sempre atacou a Igreja, simplesmente não há novidade nisso, ela nasceu na perseguição com Cristo a ser rejeitado em Belém e a morrer crucificado, com os primeiros centenas de milhares cristãos a seguirem-no..

Mas hoje os membros da Igreja (não falo dos novos Judas que estão na Igreja), são os primeiros desalentados porque temerosos, e por isso deixam-se vencer pelo mundo. Basta olhar quanto o Papa foi atacado em todo o mundo, e em particular, nos países que visita, e no tempo que precede esta (a visita), porque não há uma defesa eficaz da Igreja por parte dos Bispos desse País, e nem os Párocos conseguem ou tentam contrariar a imagem negativa que as pessoas ganham pelos media, mesmo nos Católicos, como aconteceu em Portugal antes da visita do Papa, com os media sempre a comparar este Papa com o anterior, pois sabiam que a opinião destes (católicos) não era favorável ao actual Papa.

Será que os Bispos não conhecem a mensagem de Bento XVI, ele sucessor de Pedro, que tem as Chaves do Reino de Deus, não conhecem a luz Católica que ele transporta.. mas qual é a fé que têm estes bispos, para não conhecerem o Pastor de todo rebanho e o garante da sua Fé, não conhecem a sua mensagem ainda por cima num mundo tão relativizado e por isso cheio de perigos para a sua Fé! Porque os bispos recusam em beber da fonte fresca no deserto? A apostasia destrói a Igreja, mas a Fé de Bento XVI levanta montanhas e rompe mares, no secularismo e ódio actual.

Os Bispos não percebem que quem formou a Igreja não foram os homens, como o Papa ainda há pouco afirmou! a Igreja não é uma empresa, nem nenhuma organização mundana, ainda que esteja cheia de homens mundanos temerosos pois pensam como o mundo, como se vê perante a fraqueza destes em responder ao ódio anticlerical, sempre em fúria antes do Papa chegar, caindo a seus pés quando este se Revela.. Porque os membros da Igreja não cerram fileiras atrás do Papa?? Ele que está sempre sozinho a conquistar as almas!!

Hoje a Igreja está em crise, e isso é evidente para uma alma que se preocupa com as coisas de Deus.. Mas como o próprio Papa Bento XVI disse, as piores perseguições dão-se dentro da Igreja, pois são as que a destroem, como hoje acontece. Os pastores de almas, comportam-se como pastores dos corpos, preocupam-se com o que não devem, eu que vou à Missa todos os domingos desde que me lembre nunca ouvi pregarem sobre os Novíssimos, nem na catequese...

Há lobos, sim, sempre os houve como Judas, mas são poucos. Servem pouco de desculpa para apostasia geral da Igreja e das nações, o importante principalmente aos mais fracos como eu, tanto para leigos como para religiosos, é meter antolhos nos olhos como os cavalos, e seguir o Papa cegamente, e defende-lo acerrimamente, infelizmente vê-se poucos a fazer isso, e o Papa bem o pode dizer! Confirmando o papel do Papa, como Jesus Cristo na Terra, hoje sofredor.. Não há ninguém que se preocupa com Cristo na Cruz. Aos mais fortes que são poucos, e certamente não são a maioria dos bispos e cardeais de hoje, tal a crise de fé actual, devem sempre discernir os sinais dos tempos e defenderem e corrigirem os seus irmãos na Fé e Caridade.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sancta Missa II

Um vídeo, dividido em dois por ultrapassarem o limite do tempo do youtube, que fiz durante a semana que passou, que têm como objectivo verem um pouco das missas que foram rezadas em Fátima durante o workshop ..




1º Nota: A música que está no vídeo à exepção de algumas partes, não teve que ser necessariamente tocada naquele exacto momento da missa que o vídeo mostra, no entanto todas as músicas do vídeo foram gravadas nas missas!

2º Nota: A Salve Rainha são duas versões como se pode ouvir, isto porque não a gravei completa no final da missa, mas também a parte inicial dela foi adulterada pela minha voz lol, e por isso tive que meter outra versão durante o inicio e o final!

3º Nota: O vídeo da consagração não é meu (não sei quem gravou, mas devia estar ao meu lado, porque o ângulo donde gravou é quase o mesmo ^^) , fiz o download aqui: http://www.youtube.com/watch?v=oaiosZ7MR50&feature=player_embedded do utilizador fratesinunum, nem as imagens da recepção da Eucaristia foram tiradas por mim, que tirei-as do blog: http://missatridentinaemportugal.blogspot.com/2010/09/historicas-fotos-que-testemunham-missa.html tudo o resto fui eu que gravei e tirei!




Nota1: A música ouvida pertence ao vídeo!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sancta Missa

Tive a graça de poder ir ao Workshop em Fátima sobre a Missa Gregoriana1 segundo o Missal de 1962, e por isso vou tentar descrever um pouco da minha experiência, só o faço agora porque não tive tempo (Setembro - inicio de aulas) . Os momentos altos de todos os dias foram sem dúvida as missas Gregorianas, com excepção de um dia, que foi rezada a missa segundo o rito Bracarense, que à primeira vista aparenta ter poucas diferenças com o rito gregoriano, principalmente para quem não conhece um pouco de latim, no nosso caso tivemos a sorte de ter sido dedicada uma conferência sobre o rito Bracarense antes da missa, que elucidou-nos sobre as diferenças e a sua história. Uma diferença que ficou-me na memória é uma oração inicial dirigida à nossa Santa Mãe logo no inicio do rito Bracarense, que o rito Gregoriano não têm.
Antes de mais tenho que dizer, que foi a primeira vez a assistir ao rito Bracarense, mas mais importante ao rito Gregoriano que pertence à Igreja Universal, e foi logo 3 missas deste último, e ainda bem, pois para uma pessoa habituada a assistir à Missa segundo o Novus Ordo Missae, que é o caso da grande maioria dos Católicos, dificilmente alguém conseguiria em tão pouco tempo adaptar a sua compenetração a este novo rito, ou melhor dizendo - antigo rito, que é muito profundo.. a diferença, não sei se exagero, parece-me igual aquela que é descrita por Platão, no mito da caverna no qual o homem habituado a ver na escuridão da caverna iluminada por um feixe de luz, tem que adaptar a visão quando sai da caverna e depara-se com a luz solar fechando os olhos para os não danificar, demorando ainda um pouco a poder contemplá-la em toda a sua beleza.
Comigo aconteceu um pouco isso, a verdade é que a 1º missa que assisti no rito gregoriano, logo no 1º dia fiquei incomodado pelo "muito tempo" de silêncio, que na altura pensei ser demasiado, pois como já disse estou habituado ao Novus Ordo Missae. No entanto por coincidência, logo no dia a seguir, numa conferência no qual o Rev. Cón. Frank Philips falava sobre a história da sua comunidade, que foi salva pela liturgia do rito gregoriano voltando a encher a sua Igreja de fiéis, disse que normalmente os fiéis que estão habituados ao Novus Ordo Missae e assistem pela 1º vez ao rito gregoriano, acabam por ficar incomodados com o silêncio que não estão habituados na nova liturgia e muito menos na nossa sociedade de barulho, e por isso nesses momentos de silêncio mais longos não sabem muito bem o que fazer. Assim clarificou a minha dúvida sem saber, dissipando as minhas nuvens com a sua explicação.
Mas que ninguém se engane por estas pequenas nuvens, a transcendência que imana do rito gregoriano irradia como o sol, a começar pela arte humana, como os gestos e reverência cuja a dignidade destes, nenhum Rei da Terra a tem, da arte musical com o canto gregoriano que não tem descrição tal a pureza e paz que transmite, da beleza dos paramentos e os seus símbolos explicados ao longo do workshop, a elevação do incenso ao céu que lembra-nos as nossas orações dirigidas a Deus, e o seu cheiro que convida à continência e temperança.. e o silêncio do mistério que nos convida a orar para Deus. Quanto à arquitectura e o embelezamento interno das Igrejas feitas para o rito gregoriano e do rito novo, em Fátima qualquer um pode contemplar as diferenças, olhando para o Santuário de Fátima e para trás, para a feia Igreja da Santíssima Trindade, com capacidade para 3175 lugares, só não tem para lugar para Cristo e o seu sacrário tal como aconteceu em Belém.
Por último não podia faltar o latim, e como os cónegos disseram nós temos uma vantagem em relação aos nossos avós, é que sabemos as traduções da maior parte do que o Padre reza com pequenas diferenças, tanto em voz alta e mesmo o que reza para si, pois o ouvimos todos os domingos nas missas do Novus Ordo Missae já há quase meios século. Mas a importância do latim deriva, de ser a língua da Igreja e por isso do Reino de Deus, ser a língua que rezada na liturgia em todo o mundo, conserva melhor a unidade da Igreja, e permite uma maior obediência dos Padres ao canon da Igreja no que se refere à liturgia.
Assistir a estas 4 missas, foi por isso como um subir de escadas, um sair da caverna, pois cada vez mais mergulhava mais profundo na sua essência, cada vez mais a contemplava melhor, cada vez mais parecia que atingia um novo céu! Não saberia onde iria parar se continuasse a assistir todos os dias, sei apenas que os Santos ao longo dos séculos continuamente a assistiram e continuamente mergulharam na sua profundidade, mas ainda assim para eles, permaneceu o mistério do Deus Homem que se faz Pão e Vinho, tal é a Sua Grandeza, Profundidade e Brilho que nem todas as vidas humanas chegariam para desvendar este mistério, que apenas se revela no Céu, quando o virmos Face a Face!


1- Mais conhecida incorrectamente por Missa Tridentina ou rito Tridentino

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Ateu desmente mito de "sacerdotes pedófilos e estupradores"

.- Um reconhecido colunista ateu denunciou que a imprensa secular inglesa desinforma os seus leitores ao afirmar que nos últimos 50 anos 10 mil pessoas sofreram um estupro por parte de sacerdotes.

"É verdade que 10 mil crianças nos Estados Unidos e outros milhares mais na Irlanda foram realmente violados por sacerdotes católicos? Em uma palavra, não", escreveu Brendan O’Neill, editor da revista de humanidades Spiked.

"O que aconteceu é que no cada vez mais agressivo e quase inquisitorial mundo do lobby ateu e anti-Papa, toda acusação contra um sacerdote católico foi catalogada sob o título de ‘estupro’ e foi descrita como verdadeira sem importar se isso terminava em juízo ou em uma condenação", explica.

Para O’Neill, "a frase ‘sacerdote pedófilo’ se converteu em parte habitual do jargão cultural quotidiano e faz que muitos, quando leram no jornal Independent (da Inglaterra) na semana passada que "mais de 10 mil crianças saíram à luz para dizer que foram violadas (por sacerdotes católicos), pensaram provavelmente, ‘sim, é possível’. Mas o certo é que isto não é verdade".

O colunista explicou que das 10,776 acusações entre 1950 e 2002 contra 4,392 sacerdotes nos Estados Unidos, só 1,203 foram consideradas violações (estupros). O jornalista questionou a manipulação das cifras que faz o diário Independent e precisou que para o lobby ateu e anti-Papa "todo sacerdote é culpado daquilo que o acusam sem importar se ele assim foi julgado ou não por uma corte".

O’Neill também sustenta que "em 2009 a imprensa irlandesa e britânica divulgou que ‘milhares de crianças foram estupradas’ por sacerdotes católicos e religiosos em escolas da Irlanda. A realidade é que 242 homens apresentaram 253 informes sobre abusos sexuais nestas escolas ante a Comissão que investiga o tema. Destas, só 68 resultaram ser estupros".

"Uma vez mais, não todas as alegações resultaram em condenações. Alguns informes envolvem sacerdotes que já tinham morrido, e dos 253 informes resulta que 207 eram anteriores a 1969 e 46 deles às décadas de 70s e 80".

"Como então 68 acusações sobre violação feitas contra o pessoal de escolas irlandesas em um período de 59 anos se podem traduzir em titulares que falam de milhares de estuprados?" questiona O’Neill e ele mesmo responde: "uma vez mais, tudo o que estava relacionado com golpes, abusos ou maus tratos –que sofreram milhares de irlandeses em escolas– foi colocado junto à palavra estupro, criando a imagem de ser uma instituição religiosa que estupra crianças diariamente".

O editor do Telegraph Blogs e perito em religião, Damian Thompson, comentou a coluna de O’Neill e assinala que ele "nos fez um serviço ao escrever este artigo na véspera da visita do Papa (ao Reino Unido). E, por favor, não é necessário que me recordem os vis actos que foram cometidos contra crianças por alguns do clero católico. Eu os conheço. Eu escrevia artigos sobre o escândalo dos sacerdotes pedófilos no princípio dos anos 90 quando nem a Igreja nem a opinião pública parecia tão interessadas no tema".

Por essa época, prossegue Thompson, "também eu escrevia cepticamente sobre o ‘ritual satânico do abuso’. Lembram disto? Para explicá-lo brevemente, muitas acusações sobre ‘abusos rituais’ resultaram ser infundadas. Entretanto, quem se negasse a ‘acreditar nas crianças’ era denunciado por apologia da pedofilia".

Thompson assinala que "claramente uma pequena minoria de sacerdotes eram abusadores, enquanto que a evidência de adoradores do demónio e pedófilos é virtualmente inexistente" e acrescenta que nos anos 90 "os académicos ou jornalistas que faziam perguntas estranhas sobre as bases empíricas das acusações de satanismo eram calados por um grupo cujos membros eram secularistas que odeiam a religião e protestantes extremistas. Podem me chamar de paranóico, mas parece que esta antiga aliança tornou novamente às andanças".

sábado, 11 de setembro de 2010

Sermão -- O Santo Sacríficio da missa, fonte de beleza e reverência

Organização Sancta Missa
Missa Votiva em honra de Nossa Senhora de Fátima, 10 de Setembro de 2010
Rvdo. Pe. Scptt A. Haynes, SJC, Cônegos Regulares de São João Câncio, Chicago

Quando os emissários de Vladimir, príncipe de Kiev voltaram após assistir a Divina Liturgia na Catedral de Santa Sofia em Constantinopla no século X, escreveram em seu relatório: "Não sabíamos se estávamos no céu ou na terra, pois certamente tal esplendor e beleza não existe em outro lugar da Terra. Não conseguimos descrevê-lo; só sabemos que Deus lá habita entre os homens, e que o seu serviço ultrapassa a cerimónia de todos os outros lugares. Sua beleza é simplesmente inesquecível".

O amor da beleza e sua expressão em obras de arte não é a beleza em si mas manifesta uma homenagem a Deus, pois, segundo Santo Tomás de Aquino, "a beleza é um dos nomes de Deus". Assim, quando a Igreja é convocada para celebrar os divinos mistérios, ela emprega todas as artes que tocam os sentidos, porque aquilo que é verdadeiramente belo nos agrada quando o contemplamos.

É por isso que Santa Teresa d'Avila declarou: "Fico sempre profundamente tocada pela grandiosidade das cerimónias da Igreja". A capacidade única do canto gregoriano para evocar em nós o espírito de oração contemplativa, os paramentos festivos, o uso do incenso, velas, objectos de ouro e prata, água benta etc. - tudo isso nos auxilia na adoração do Deus Uno e Trino, que criou a beleza, a sustenta, a redimiu e é Ele mesmo a própria beleza. A Igreja sempre envolveu o Santo Sacrifício da Missa num ambiente de reverência e mistério. Ao utilizar os bens da Criação, em sua transcendente existência, Ela leva seus filhos a Deus; e pelos mesmos meios, Deus desce a eles. Na Idade Média colocava-se grande ênfase na sagrada beleza da Missa. Hoje, devemos novamente tomarmos consciência dela.

O Cardeal Joseph Ratzinger uma vez lamentou-se: "Desde o Concílio Vaticano II, a Igreja voltou as costa à beleza". Palavras ousadas. E se forem verdadeiras? Se verdadeiramente nos empobrecemos neste aspecto, deixando-nos vitimar por uma mentalidade iconoclasta, talvez tenha sido porque "vivemos em uma época sem imaginação", como disse certa vez Paul Claudel. Ao reflectir sobre a visita dos representantes do príncipe Vladimir de Kiev a Constantinopla, o Papa Bento XVI observou que a delegação e o príncipe aceitaram a verdade do Cristianismo não pelo poder de persuasão de seus (conhecimentos) teológicos mas pela beleza do mistério de sua Sagrada Liturgia. Se estamos falhando na divina missão que o Senhor nos confiou de converter o mundo à nossa fé, talvez devamos começar por restaurar a reverência, o silêncio, a adoração e uma atmosfera de sagrada beleza em nossa santa liturgia. Se nossas Igrejas não forem os lugares mais sagrados da Terra, a verdadeira reverência e beleza tampouco podem existir noutro lugar.

Na Epístola de São Paulo aos Hebreus, Cristo é chamado leiturgos, o "Liturgista" que preside a todos os nossos rituais, em que Ele mesmo celebra a Liturgia. Visto que Cristo é o leiturgos e a Beleza Encarnada, toda beleza deve reflecti-lO e dEle fluir na Liturgia. Cristo, o Verbo feito carne é a suprema obra-prima. Cristo é a mais perfeita sinfonia. Cristo é a mais bela pintura. Cristo é o ritmo cósmico no poema eterno. Disse São João da Cruz: "Deus passa través do matagal do mundo e por onde quer que deite seu olhar, transforma todas as coisas em beleza". São Paulo escreveu a Timóteo: "Ele é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores. Sua imortalidade habita numa luz inacessível". Contudo, na Divina Liturgia da Missa, ousamos aproximarmos-nos daquele que habita na luz inacessível.

A fim de celebrar a Sagrada Liturgia com a devida reverência e beleza, a Igreja deve ser capaz de "distinguir entre o sagrado e o profano". Quando falsas "inculturações" poluem o culto litúrgico, devemos estar atentos às palavras do Papa Paulo VI em 1971: "nem tudo é válido, nem tudo é lícito, nem tudo é bom". O Santo Sacerdote afirmou em seguida que as coisas seculares, baratas, de inferior qualidade e sem valor artístico "não são destinadas a cruzar o limiar do templo de Deus". Como católicos, devemos sobretudo contemplar a beleza de Cristo na Sagrada Liturgia que o Vaticano II chama de "acção sagrada que ultrapassa todas as outras". Isto começa com nossa fidelidade externa às rubricas, mas nos leva à intima união com Cristo, pois "aqueles que O adoram devem faz~e-lo em espírito e em verdade".

Aqui em Fátima, o Anjo da Paz apareceu pela primeira vez a Francisco, Jacinta e Lúcia em 1916 para preparar o terreno para as aparições de Maria. Ao aparecer pela terceira vez, com deslumbrante beleza diante dos três videntes, segurava na mão esquerda um cálice e, com a mão direita sobre o cálice segurava uma hóstia da qual via-se gotas do preciosíssimo Sangue de Cristo cair no sagrado Cálice. Deixando hóstia e cálice suspensos no ar, prostrou-se o anjo tocando o chão com a testa. Disse então, três vezes, a seguinte oração: "Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-vos profundamente. Ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação por todos os ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E peço, pelos méritos infinitos de seu Sacratíssimo Coração e pela intercessão do Imaculado Coração de Maria, a conversão dos pobres pecadores."

O Anjo então levantou-se e tornou o Cálice e a Hóstia em suas mãos. Deu a Hóstia em comunhão a Lúcia e o conteúdo do cálice a Jacinta e Francisco, dizendo: "Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus pecados e consolai o vosso Deus". A seriedade com que Francisco (tomou) estas palavras foi demostrada nos poucos anos de vida que lhe restaram. Assim Francisco foi de tal maneira trespassado com o amor do que ele chamou de "Deus oculto", que muitas vezes passava horas de joelho em silenciosa adoração diante do sacrário.

A beleza espiritual da Sagrada Eucaristia deve transformar a vida dos católicos do mesmo modo que transformou os pastorinhos de Fátima. Disse o Papa Bento XVI que "o encontro com o belo pode se tornar a ferida da flecha que nos atinge o coração e abre assim os nossos olhos". Esta beleza espiritual forma no cristão um coração semelhante ao de Cristo em termos de beleza moral. E quando a beleza espiritual da Sagrada Liturgia transforma uma alma, o homem torna-se capaz de criar coisas belas tais como arte, arquitectura, poesia e música. Esta beleza humana, formada pela beleza de Cristo na Sagrada Liturgia, imita o génio criativo de Deus, que deu a este mundo uma inerente beleza natural.

Quando o rosto belo e radiante de Cristo, nosso Salvador se torna o centro do culto sagrado, toda a criação anseia por clamar com o salmista: "toda a obra, que Ele faz é cheia de esplendor e beleza". A beleza na liturgia resulta da ordem. É por isso que a Liturgia, por sua própria natureza, exige a ordem e não pode existir sem rubricas ou cerimónias. A beleza brilha através dos gestos da Sagrada Liturgia. Assim, os actos de culto exterior, como persignar-se, fazer genuflexão, ajoelhar e inclinar-se, tornam-se meios de interiorizar reverência e beleza em nossas vidas humanas. Disse certa vez o antigo mestre-de-cerimónias do Papa: "Todo gesto litúrgico, sendo um gesto de Cristo, é chamado a expressar a beleza".

Assim, se estamos a celebrar o Santo Sacrifício da Missa na forma ordinária ou extraordinária do Rito Romano, quer o façamos em português, inglês, francês, latim ou em qualquer outro idioma, devemos celebrar a Missa com beleza e esplendor. Se queremos evitar uma ruptura na celebração da sagrada Liturgia, devemos manter a reverência e beleza inerente à celebração da Eucaristia. Para cumprir o que Cristo nos ordena: "Sede Santos, porque Eu sou Santo"1, devemos preservar a hermenêutica da continuidade em relação ao ritos sagrados e cerimónias e garantir a sanidade da Missa, não só aderindo às rubricas mas atendo-nos às as antigas tradições litúrgicas para preservar o sentido do sagrado, evitando a doentia mania moderna de fazer tudo que se quer. O Cardeal Joseph Ratzinger, em suas meditações sobre a Via Sacra em 2004, afirmou que "quando a liturgia se transforma em uma festa que a comunidade dá a si mesma, num festival de auto-afirmação", ela se torna análoga à adoração idólatra de Israel ao bezerro de ouro, um culto de auto-afirmação do ego.

Entre as diferentes maneiras em que a liturgia manifesta o senso do sagrado, uma das mais subtis é o uso de véus para cobrir os vasos sagrados usados para conter o Santíssimo Sacramento. Refiro-me ao sacrário, ao cálice, ao cibório, e à custódia. E mesmo quando o véu é removido do cálice, a liturgia prevê outras formas de ocultar a Sagrada Hóstia. A cada momento da dupla consagração, quando o celebrante pronuncia as palavras que trazem Nosso Senhor ao altar sob as espécies do pão e do vinho, ele se inclina sobre o pão e o vinho e coloca os braços sobre o altar, símbolo de Cristo. Tal gesto destina-se a mostrar a união do sacerdote com Cristo naquele momento, ao mesmo tempo ajudando o sacerdote a concentrar toda sua atenção na consagração. Do ponto de vista físico, o sacerdote a essa altura cobre literalmente as espécies, velando-as, por assim dizer, e produzindo o mesmo efeito que qualquer outro véu, a saber: manifestando a sacralidade do momento da Consagração. Nesta simples rubrica, a cerimónia da Santa Missa na forma extraordinária suavemente incute nos fiéis uma atitude de respeito, reverência e senso do sagrado com relação a Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento.

Caros amigos de Jesus e Maria, ao chegarmos ao banquete de núpcias do Cordeiro de Deus para receber a Sagrada Eucaristia, façamo-lo com boas disposições, livres do pecado mortal e fervorosos. Saudemos a Cristo, Esposo de nossas almas, com beleza e reverência, envolvidos no verdadeiro senso do sagrado da mesma forma como o santo Anjo de Fátima explicou às crianças a importância de rezar e fazer sacrifícios em reparação pelas ofensas cometidas contra Deus, Ele lhes disse: "Ofereçam tudo como sacrifício a Deus num acto de reparação pelas pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores".

Viemos hoje a Fátima para iniciar a conferência litúrgica "Sancta Missa" sobre a forma extraordinária do Rito Romano a fim de que, com nosso Santo Sacerdote o Papa Bento XVI, possamos nos servir a fundo dos tesouro de graça da Igreja na medida em que acolhamos as tradições litúrgicas de nossos antepassados. Ao celebramos aqui em Fátima esta Missa solene segundo o Missal Romano de 1962 por ocasião da festa da Natividade de Nossas Senhora , pedimos humildemente que a beleza e reverência da Santa Missa em sua forma extraordinária seja uma tremenda fonte de graças para a Igreja na conversão dos pecadores, e que o zelo, a espiritualidade e o ministério dos sacerdotes seja revigorado por esta antiga forma da Missa em latim, que produziu tantos sacerdotes santos através dos séculos. Gratos a Deus pela corajosas liderança do Papa Bento XVI, apresentamos estas e todas as nossas súplicas a Nossa Senhora de Fátima com amorosa confiança, pois ela é nossa Mãe! Queira Deus que sejamos fiéis e obedientes filhos seus.

1 - 1 Pedro 1:13-16

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Ajuda - Contra Impugnantes

O Contra Impugnastes é talvez o blog que chega aos mais altos píncaros no que toca à harmonia e completariedade entre a Fé e a razão, não podia deixar de ser, pois são fidelíssimos ao seu mestre, que também é mestre comum ou melhor dizendo Doctor Communis de todos os Católicos.
Tal é a grandeza da sua obra, que tornou-se dever de todo o Católico com possibilidades, em estudar a doutrina de São Tomás de Aquino cuja obra é o coroar do pensamento Católico dos tempos da Cristandade, cuja síntese, razoabilidade, realismo a torna universal e um clássico para todos os tempos pois fidelíssima à Verdade. Ainda por cima neste caso junta o útil ao agradável, pois ao mesmo tempo que estuda, ajuda financeiramente num momento delicado esta grande obra, o que acaba por ser um acto de caridade, que como sabemos cobre uma multidão de pecados. Assim não deixe de ajudar!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Sobre algumas ficções da história

Falsificação da história por João César das Neves

A tentativa de cortar as raízes da civilização europeia, que tem ocupado alguma intelectualidade nos últimos 250 anos, é um fenómeno único na história humana. Desde o Iluminismo que uma ingénua arrogância luta, em nome do mundo novo, para substituir as tradições cristã, judaica, muçulmana, celta, germânica, greco-romana por uma ficção pseudo-científica que alimenta o corropio de ideologias. Em resultado, empirismo, utilitarismo, positivismo, marxismo, nazismo, existencialismo, pós-modernismo têm-se sucedido, degradando uma elevação cultural que modelou o mundo.

Peça central desse esforço é uma esmagadora falsificação histórica, indispensável na luta contra a tradição. Filósofos, propagandistas, pseudo-especialistas esforçam-se por manipular a verdade do passado, criando mitos oportunos para as suas doutrinas. Distorções dessas não são sustentáveis e foram há muito denunciadas pela historiografia séria. Mas vivemos a fase paradoxal em que, apesar disso, as tolices persistem nas vulgarizações mediáticas.

Exemplo gritante é o das Cruzadas, de que o grande sociólogo Rodney Stark acaba de publicar uma desmistificação. O caso é candente porque, além de servir há décadas para humilhar a Igreja, a ficção é hoje usada no suposto choque de civilizações entre Islão e Ocidente. O livro God's battalions; the case for the crusades (Harper One, New York, 2009), não traz dados novos. Limita-se a compilar resultados da vasta literatura científica que destroem por completo a visão popular vigente.

Os erros são múltiplos. Os inimigos dos cruzados não eram os muçulmanos, mas os turcos, recém-convertidos ao Islamismo e invasores recentes da Terra Santa. Muitos árabes, oprimidos pelos conquistadores, aplaudiram as expedições ocidentais. Assim as Cruzadas não foram um capricho irracional mas nasceram de "séculos de tentativas sangrentas de colonizar o Ocidente e súbitos novos ataques aos peregrinos cristãos e aos lugares santos" (p. 8).

Também a imagem comum de bárbaros ocidentais atacando os sofisticados e tolerantes muçulmanos é falsa. O preconceito anticristão pós-iluminista exaltou os feitos islâmicos e glorificou Saladino desprezando os soldados europeus. Pelo contrário, havendo atrocidades de parte a parte, regra na época, a superior técnica cruzada permitiu, face a enorme desvantagem numérica, manter um reino e rica cultura "que, pelo menos ao longo da costa, durou quase tanto quanto os EUA são uma nação" (p. 245).

É falso ainda que a motivação fosse o ganho, colonização ou conversão à fé cristã. "As Cruzadas não foram organizadas e dirigidas por filhos excedentários, mas pelas cabeças de grandes famílias que estavam perfeitamente conscientes que os custos de ir em cruzada excederiam largamente os muito modestos benefícios expectáveis: a maior parte partiu com imenso custo pessoal, alguns conscientemente arruinando-se para ir." (p. 8) A finalidade, incompreensível para os materialistas actuais, era espiritual: "Eles sinceramente acreditavam servir nos batalhões de Deus." (p. 248)

As manipulações são muitas mais, servindo os mais variados propósitos. Por exemplo, "as actuais memórias e fúria muçulmanas sobre as Cruzadas são uma criação do século xx." (p. 247)

Este é apenas um tema entre muitos. Apresentando como factos incontroversos os preconceitos mais boçais, historiadores de pacotilha têm-se esforçado por exaltar os seus heróis, denegrindo opositores. Isto leva o público informado a ter do passado uma caricatura grotesca.

Em particular, a Igreja tem sido alvo preferencial da falsificação histórica. Exagerando males, omitindo virtudes, generalizando aberrações, a Igreja é acusada de tudo. Cruzadas, Inquisição, heresias, Papado, Escolástica, mosteiros, relações com a ciência e democracia, como agora a dignidade dos sacerdotes, tudo tem sido infectado por esta magna falsificação. Nem se compreende como entidade tão perversa pôde sobreviver e prosperar. A ponto de muitos cristãos devotos caírem na esparrela, vivendo envergonhados da história da sua fé.

naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Hawking e Deus

Hoje, em diversos jornais, nomeadamente nos seus sites online, vem a notícia «Hawking diz que Deus não criou o universo». Não querendo precipitar o meu juízo do livro, nem das várias citações sem contexto, do novo livro que ainda sequer, não foi lançado, mas que já foram citadas, a meu ver imprudentemente pelos media, Hawking diz:

1 - "Não há lugar para Deus nas teorias da criação do universo."

2 - "A criação espontânea é a única explicação para a existência do universo" afirma Hawking no livro, explicando que o universo não precisou de um deus para ser criado, ao contrário daquilo em que acreditava Sir Isaac Newton, que defendia que o universo não poderia ter nascido apenas do caos."Isto faz parte das coincidências da nossa condição planetária - um único Sol, a feliz combinação na distância entre o Sol e a Terra e a massa solar - menos notável e muito menos convincente do que a Terra foi cuidadosamente desenhada apenas para agradar aos humanos", argumentou, citando a descoberta, feita em 1992, de um planeta que orbitava uma estrela além do Sol. "Por haver uma lei como a da gravidade, o universo pode e irá criar-se do nada", acrescentou.

3 - "criação espontânea é a razão por que há algo em vez do nada, porque o universo existe por nós existimos. Não é preciso invocar Deus para causar excitação e pôr o universo a funcionar".

O que tenho a dizer sobre estas citações, sendo apenas um leigo no que diz respeito à ciência, apesar de já ter lido algumas obras, e por coincidência o best seller de Stephen Hawking - Uma breve história do tempo no qual a notícia cita «Em 1988, ano em que saiu o seu best-seller Uma Breve História do Tempo, Stephen Hawking parecia aceitar o papel de Deus na criação do universo: "Se descobrirmos uma teoria completa, esse será o derradeiro triunfo da razão humana - e por isso devemos conhecer a mente de Deus", escreveu na altura.» uma posição diferente da actual aparentemente, pois agora diz que "não há lugar para Deus nas teoria da criação do universo", e o que me deixou um pouco confuso nesta frase, é o uso da palavra criação, que cientificamente está correcta porque o universo não é infinito pois teve um inicio, no qual tempo e espaço foram criados com a matéria no big bang, mas a palavra criação envolve sempre um criador, ou seja os cientistas têm que inventar uma palavra que signifique o mesmo que criação, ou seja, coisas que nascem, mas que não envolvam um sujeito exterior, nem as próprias coisas que nascem, porque ainda não nasceram, a ciência tem que explicar isso melhor, ou já desistiu da observação e experiência, que eu saiba nunca foi observado matéria "criada" sem nenhuma causa, aliás toda a matéria que existe foi criada no momento do Big Bang!
Quanto à segunda frase "A criação espontânea é a única explicação para a existência do universo", a palavra criação já vem junto com a palavra espontânea, agora temos que saber o que significa a palavra espontânea cientificamente. O que dá entender pelo contexto inerente «Deus não existe» é que significa que a matéria nasceu por si própria, mas isso é irracional e ilógico, pois nada que exista, existe por causa de si próprio como a razão e a ciência dizem.. e podem perguntar, então Deus também foi criado? O conceito de Deus nasce como necessário, nessa potencialmente infinita sucessão de causas para que aja existência e aparentemente há (senão não estava aqui a escrever), para melhor entenderem o argumento podem ver esta clarificadora aula, então vocês perguntam, porque a matéria não pode fazer esse papel de Deus que é causa não causada? simplesmente pelo facto de ela ter começado a existir num dado momento, e por isso não infinita, qualidades de Deus que sempre existe eternamente (está fora do tempo) e é infinito pois transcende a matéria e não é inerente a ela, pois tanto espaço e tempo não são absolutos, mas atributos do universo, tal como Einstein pela teoria da relatividade e depois Georges Lemaître Padre Católico, com a teoria do Big Bang que veio a comprovar o que o Catolicismo já cria. Já St. Agostinho dizia que o tempo é uma criatura de Deus!
A seguir Hawking fala das coincidências, as tão famosas coincidências que deram origem ao principio Antrópico, como por exemplo A energia libertada no Big Bang, para que o universo expandir-se de modo ordeiro como o conhecemos, teria que ter uma precisão na ordem dos 10 elevado a 120, ou seja 120 zeros a seguir ao número 10, se a energia fosse uma fracção maior, não se formariam galáxias e dispersaria, se fosse uma fracção menor, consumir-se-ia num gigantesco buraco negro, o que equivaleria há hipótese de atirar uma seta ao acaso para o espaço e ela atravessar todo o cosmo e ir atingir uma alvo com milímetro de diâmetro localizado na galáxia mais próxima. O argumento do acaso, simplesmente não sei o qualificar pois apenas demonstra por parte de quem o usa, que quer que Deus não exista!
A última frase, a "criação espontânea é a razão por que há algo em vez do nada, porque o universo existe por nós existimos. Não é preciso invocar Deus para causar excitação e pôr o universo a funcionar", acho que ele contradiz a própria ciência, tentando aliar-se à filosofia moderna, a ciência diz que o universo tem à volta de 15 a 13 mil milhões de anos, os homens pelo menos os sapiens apareceram à volta de 200 mil a 150 mil anos, e ele vem dizer que o universo existe porque o homem existe e pensa-o?? Se o universo existe por causa do homem, como é que o homem existe?? Posso ter percebido mal, talvez ele queira dizer que a finalidade da existência do universo é o homem tal como a Religião Católica diz, mas tudo que tem uma intenção ou uma finalidade, é precedido de uma razão e de uma vontade, como Santo Tomás de Aquino explica muito bem, cuja razoabilidade e lógica aparentemente fazem muita falta hoje. Depois diz "não é preciso invocar Deus para causar excitação e pôr o universo a funcionar" então o que significam as leis do universo, acaso o universo é governado pelo acaso.. se sim então porque existe ciência?? foi precisamente porque a sociedade Ocidental acreditou no contrário, em consonância com a fé Católica. ‘Dispusestes tudo com medida, número e peso’ Sabedoria (11,20)

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Cardeal Ratzinger e o Concílio Vaticano II

Patrick Bahners e Christian Geyer: Para terminar, Eminência, voltemos a falar da teologia à escala mundial. No inicio do novo milénio, tem-se a impressão de que as dificuldades de entendimento entre as posições teológicas singulares dentro do cristianismo se tornaram tão clamorosas que levam a falar, não já de diferentes polaridades pertencentes a um mesmo espectro, mas de constelações realmente distintas, cada uma das quais convive ao lado das outras de modo mais ou menos independente. nesta situação, constata-se a exigência de convocar um novo Concílio ou um sínodo geral para pôr sobre o tapete, e possivelmente, resolver de comum acordo os conflitos subsequentes às resoluções do Concílio Vaticano II.

Cardeal Ratzinger: Conheceis porventura a anedota de que se conta acerca de Gregório de Nazianzo, Bispo e Padre da Igreja. Convidado pelo imperador a tomar parte no Concílio de Constantinopla, respondeu-lhe numa carta - Nunca mais participarei num Concílio, porque aí vi apenas lutas, hostilidades e conflitos intermináveis. Os Concílios servem para piorar as coisas - esta foi a foi a experiência conciliar de Gregório no século IV e, do ponto de vista da perspectiva histórica de curto raio, temos de lhe dar razão. Todavia, numa visão mais ampla, é justo dizer que aqueles Concílios tiveram uma importância fundamental e favoreceram positivamente a obra de clarificação desenvolvida pela Igreja perante a sua fé. Mas, no tocante àquela carta - que Lutero citará com predilecção, exprimindo assim também a sua própria desilusão frente ao Concílio - pois bem, ela atesta que um Concílio representa sempre uma dura intervenção no organismo da Igreja, algo qe eu comparo a uma perigosa operação cirúrgica, no sentido de que, por vezes, a intervenção drástica é efectivamente necessária para a saúde de um organismo. Mas, justamente, importa ter também presente que qualquer intervenção cirúrgica comporta, antes de mais, debilidade e complicações, e não equivale necessariamente à cura.
Em suma, constatamos - e ninguém pode seriamente negá-lo no plano empírico - que o Concílio Vaticano II comportou uma enorme perturbação na Igreja Católica e também em toda a Cristandade (A Igreja acolheu no seu seio o modernismo humanista que endeusa o homem, o liberalismo dos Estados laicos, o protestantismo ecuménico). Pessoalmente afirmo que, enquanto este mal-estar não for de todo ultrapassado, uma outra intervenção desta natureza traria actualmente mais sofrimento do que uma melhoria. Considero, pelo contrário, necessário incrementar os mecanismos de consulta e de encontro; o sínodo dos bispos é apenas um deles. Creio que as formas de confronto menos centralizadas e menos espectaculares são as mais fecundas, porque permitem um debate mais aprofundado (é o que aparentemente acontece hoje no pontificado de Bento XVI, com o diálogo silencioso com a FSSPX, mas muito importante para a barca de Pedro), recebem menos pressões do exterior e podem, inclusive, levar a processos de maturação mais ponderados. Na minha opinião, deveriam, hoje, buscar-se modelos mais amplos de participação do episcopado mundial, capazes de garantir, por seu turno, a ligação entre as diferentes realidades regionais. Realizar-se-ia assim, a longo prazo, algo como um Concílio ecuménico, mas que teria a vantagem de uma lenta maturação e da consciência histórica.

Em o Cristianismo para lá da tradição do Livro: Existe Deus? Um confronto sobre verdade, fé e ateísmo - edição Pedra Angular

Nota: O negrito fui eu que pus. E o que está entre parêntesis são comentários meus!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Templários contemporâneos

Notícia curiosa que diz respeito à extinta ordem dos templários, que afinal foi apenas suspensa. Não sabia que a ordem dos templários ainda existia, e que a sua sede ficava em Portugal desde 1942, e tenha há volta de 20 mil membros em todo o mundo, tenho que confessar que fiquei surpreendido e agradado com a notícia, pois em termos históricos e civilizacionais foi de enorme importância para Portugal, como já registei nestas postagens, e por isso espero que tenham sempre presente os valores que estão na origem na sua criação, e os actos heróicos levados a cabo pelos seus membros no passado.

Claudino Marques, o organizador do evento da reunião magna dos templários em Coimbra diz que esta é uma organização que defende uma visão ecuménica, como se pode ler: "A Ordem dos Templários é uma organização independente, apolítica, religiosa, ligada ao cristianismo e, em particular, à Igreja Católica, mas que defende sempre uma visão ecuménica e o diálogo inter-religioso, de abertura a cristãos não católicos", disse Claudino Marques, também responsável do Bailiado das Beiras (que reúne várias comendadorias da região). Se com visão ecuménica, este quer dizer a visão contemporânea do ecumenismo, que sacrifica a verdade em prol da unidade, desembocando não na Paz de Cristo, mas sim na do Anti-Cristo, a ordem acaba por transformar-se numa caricatura do seu passado, mas julgo que não posso fazer aqui juízos.
Apenas desejo que os membros contemporâneos da ordem, e que são muitos, sejam dignos sucessores dos seus antepassados!