segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A Irmã Francisca Cabrini

 «Eu vim trazer fogo à terra» Lucas 12:49

Alguém que sempre viajou leve (sem demasiada bagagem pessoal) foi a Irmã Francisca Cabrini. Naquele dia de Março de 1889 em que a freira de 38 anos desembarcou em Ellis Island (ilha na foz do rio Hudson), estava a pensar na tarefa que tinha pela frente: ajudar a fundar um orfanato, escola e convento em Nova Iorque. Não estava preocupada com nenhum dos seus problemas do passado, apesar de já ter passado por muitos. Francesca Lodi-Cabrini nasceu prematura, com apenas 7 meses, na cidade de sant'Angelo, na Lombardia, Itália, e foi sempre a criança mais débil da sua aldeia. Aos 6 anos, decidiu que queria ser missionária na China. No entanto, as pessoas gozavam com o seu sonho.
"Uma ordem missionária nunca aceitará uma rapariga que está doente a maior parte do tempo" troçava a sua irmã Rosa.
Aos 12 anos fez um voto de castidade e, aos 18 anos, a idade mínima para ser considerada adulta, candidatou-se ao Convento das Filhas do Sagrado Coração. Contudo, não foi, de facto, aceite por ser de constituição frágil.
A rejeição não fez Cabrini desistir do seu sonho de ser religiosa na Ásia. Começou a fazer o que podia na sua aldeia para reforçar a sua força e provar o seu valor. Ensinava as crianças das redondezas. Tomava conta de um aldeão mais velho. Ensinava as crianças das redondezas. Tomava conta de um aldeão mais velho. Quando surgiu uma epidemia de varíola, foi enfermeira da família e dos amigos até que ela própria adoeceu. Depois de recuperar da doença, voltou a candidatar-se ao convento. Mais uma vez não foi aceite.

Um passo mais à frente.

Depois de 6 anos de tentativas, Cabrini foi finalmente aceite na ordem. Acreditou que este seria o marco que a colocaria um passo mais próximo de realizar o seu sonho de servir na China. Contudo, estava ainda por passar muitos revezes adicionais. Perdeu os pais no espaço de 1 ano; foi nomeada para ensinar numa escola local, e não no estrangeiro. Sempre que se candidatava a outras organizações devotadas ao trabalho na Ásia, nunca era aceite. Em breve seria nomeada para supervisionar um pequeno orfanato em Codogno, uma cidade a cerca de 80 quilómetros da sua aldeia natal. Ali passou 6 anos frustrantes até que o orfanato foi fechado.
Quando ainda sonhava em viajar para a Ásia, uma superiora disse-lhe que, se ela queria fazer parte de uma ordem missionária, deveria ser ela a fundar uma. Foi isso que ela fez. Com a ajuda de uma dúzia de raparigas do orfanato, fundou as Irmãs Missionárias do Sagrado Coração, em 1880. Durante os 8 anos seguintes, construiu a ordem e fundou estabelecimentos em Milão, Roma e outras cidade Italianas.
tentou conquistar um lugar na Ásia, mas o Papa Leão XII pôs um fim ao sonho de Cabrini de ser religiosa na China. Ele disse-lhe: "Não para Este, mas para o Oeste. Encontrarás um vasto território para trabalhar nos Estados Unidos." Foi então nomeada para ajudar a administrar um orfanato, escola e convento em Nova Iorque.

Uma viagem para Ocidente

Foi assim que a Irmã Frances Cabrini chegou a Ellis Island em Março de 1889. O sonho de uma vida de servir na Ásia estava em ruínas e ficara para trás, em Itália, o único lar que ela sempre havia conhecido; mas não olhou para trás. Não era pessoa para deixar que o passado a fizesse refém.
Durante os 28 anos seguintes, dedicou-se à tarefa de servir as pessoas nas Américas. Para alcançar isso, deparou-se com inúmeros obstáculos. Quando chegou a Nova Iorque, foi-lhe dito que os planos para o orfanato, escola e convento tinham ido por água abaixo e que, por isso, ela deveria regressar a Itália. Em vez disso, resolveu os problemas que tinham surgido e estabeleceu as instalações planeadas.
Não se importando com as dificuldades que enfrentava, continuou a ultrapassá-las. Quando morreu em 1917, com 67 anos, tinha fundado mais de 70 hospitais, escolas e orfanatos nos Estados Unidos, Espanha, França, Inglaterra e América do Sul.
O impacto de Cabrini foi inacreditável. Ela foi a Madre Teresa dos seus dias - ,possuindo compaixão, persistência, tenacidade e liderança semelhantes. Contudo, se permitisse que o seu passado a mantivesse refém, nunca teria feito a diferença. Em vez de lamentar a perda do seu sonho e as mágoas da sua juventude, ela seguiu em frente e fez o que pode, onde quer que Deus a colocou.

Por John C. Maxwell

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Pormenores

Nos últimos dias a imprensa tem-se ocupado com uma notícia que não nos podia passar despercebida. Trata-se do empreendimento de uma senhora de 81 anos, no Santuário de Nossa Senhora de Borja. Já devem saber do que falo. A senhora, movida de boas intenções, arriscou restaurar, por conta própria, uma imagem do Ecce Homo. Na primeira vez que vi a notícia, a senhora dizia que "restaurou" a obra no santuário, com muitas pessoas a ver. Passaram poucos dias e a notícia de hoje falava de uma senhora fechada em casa com crise de ansiedade e de uma onde de peregrinações ao santuário porque "ninguém quer deixar de ver a obra com os próprios olhos". Não venho, de maneira nenhuma, criticar a senhora. Quando vi, hoje, a notícia e os peregrinos em tom jocoso perante uma obra que deveria transmitir sofrimento, comecei a pensar: muitas vezes ouvimos perguntar sobre inovações litúrgicas que negligenciam e questionam porque é que a liturgia é assim e não de outra maneira, porque é que as igrejas estão adornadas com mais ou menos ouro, porque é que as vestes do sacerdote são mais ou menos esplendorosas, porque é que os fiéis se ajoelham...? Penso que esta situação veio responder a estas perguntas! Aqui está o resultado, caso não se obedeçam às normas litúrgicas da Igreja e se não se mantêm alguns gestos, alguns símbolos, algum cuidado (que será sempre mínimo, tendo em conta para quem é dirigido), então em pouco tempo tudo se transformaria num circo e motivo de chacota por parte dos não crentes, que veriam o rosto de Deus desfigurado pelos caprichos humanos. Se todos nós arrogássemos ser donos do culto a Deus e nos oferecêssemos para restaurar a liturgia ou algum gesto, a espera seria curta para vermos a Igreja Católica transformada num motivo de chacota.
Outra coisa em que pensei foi nos "restauros" que vemos tantas vezes e que não merecem peregrinações. As genuflexões ao entrar e sair da igreja que mais parecem espasmos parkinsónicos... entre outros. Penso que estas são boas ocasiões para rectificar a nossa conduta, porque a Igreja Católica somos nós. É de nós que se riem estes peregrinos, porque somos nós que transformamos os Ecce Homo em pinturas hilariantes quando não cuidamos da forma como tratamos Nosso Senhor. Sejamos bons pintores!

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Lolo JONES

Cá esta uma noticia que deu que falar antes, durante e, pelo menos no nosso blogue, depois dos jogos olímpicos de Londres. A protagonista chama-se Lolo JONES, corredora dos 100m barreiras pelos EUA. Ainda não é protagonista pelos feitos olímpicos. Em Pequim tropeçou e este ano ficou com o quarto lugar, depois de ter sido repescada na meia-final. A razão pela qual a imprensa virou os holofotes para esta atleta foi a mesma que a levou, nos últimos anos, a aparecer em vários programas da tv norte-americana nos e foi a declaração, feita pela própria, da sua virgindade. Dois pormenores: JONES tem 30 anos e poderia vencer a medalha de beleza, se estivesse contemplada no lote de medalhas. Citando o site do jornal Expresso,

Lolo Jones passou por tudo nos últimos quatro anos. E coisas tão dolorosas como uma operação para corrigir um problema nas costas que afectava a passada na corrida e nos saltos ou um longo período de recuperação após a derrota na final de Pequim, em 2008, onde liderava a corrida e deitou tudo a perder depois de um toque na penúltima barreira.
Afinal, Lolo fez de tudo para alimentar o sonho de um dia ganhar uma medalha nos Jogos Olímpicos: quando era mais pequena, depois de já ter passado por oito escolas diferentes em oito anos e de ter vivido na cave de uma igreja, não foi com a mãe e os irmãos para Forest City (não havia uma pista...) e passou por quatro famílias de acolhimento até ficar em Louisiana; mais tarde, na faculdade, chegou a servir à mesa e a fazer personal training para ganhar dinheiro (poupava, por exemplo, a desligar o ar condicionado) e investir na preparação dos Jogos de 2008. Tudo se esfumou num erro...



Ler mais: http://expresso.sapo.pt/lolo-virgem-sem-medalha-aos-30-anos=f745461#ixzz244uNMjmz

A história é impressionante e mostra de que fibra se faz um verdadeiro campeão. Com uma história destas, claramente, JONES já tem o recorde mundial na resistência as contrariedades da vida. Dito pela própria, "é mais difícil ser virgem com esta idade do que entrar na faculdade ou preparar-me para os jogos olímpicos". 

Quanto a mim, Deus não pede nada que não esteja ao nosso alcance, mesmo que seja preciso sermos atletas de alta competição.

domingo, 12 de agosto de 2012

Mãe dos Povos

Senhor, dai-nos vida em abundância, Ámen!

A Igreja é um mistério
Dom gratuito de Cristo
Celebrada e vivida em Comunidade
Resposta essencial à liberdade humana
Munida dos sacramentos salvificos
Cuja acção de modo progressivo, Santifica
Transformando-nos à imagem da Trindade três vezes Santa,
Mãe dos Povos, Educadora Mestre, Esposa de Cristo,
Celebra uma liturgia de louvor
Orientada por uma catequese vivida
Sociedade orgânica perfeita
Porque se basta a si própria
Não seria Cristo a sua Cabeça!

domingo, 29 de julho de 2012

O Bispo vestido de Branco

 Senhor, glorificai a Santa Igreja já aqui na Terra, Ámen!

Os seus decretos têm peso de séculos , as suas decisões remontam a doutrinas milenares, e as suas fraquezas são guias, apelos e esperanças. Desarmado pelos impérios, esbofeteado por reis, e desprezado por deuses falsos, gozado pela ribalta, a mesma ralé que inclina-se à força dos cascos, das lagartas, da foice. Oh deuses do mundo, mandai vir os vossos exércitos de uma vez por todas para destruir o homem das chaves, submeteis tudo menos esta criatura frágil?  Mas que sois vós o que já passaste, o que conta a vossa vontade senão nada. Esta mensagem é para os homens do futuro, prestai atenção ao Bispo vestido de Branco porque os seus decretos têm peso de séculos! Olhai o capitão da Nave que não sucumbe à vossa História..

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Rome Unvisited

Oscar Wilde (1854–1900). 
I.

THE corn has turned from grey to red,
 
  Since first my spirit wandered forth 
  From the drear cities of the north, 
And to Italia’s mountains fled. 
  
And here I set my face towards home,         5
  For all my pilgrimage is done, 
  Although, methinks, yon blood-red sun 
Marshals the way to Holy Rome. 
  
O Blessed Lady, who dost hold 
  Upon the seven hills thy reign!  10
  O Mother without blot or stain, 
Crowned with bright crowns of triple gold! 
  
O Roma, Roma, at thy feet 
  I lay this barren gift of song! 
  For, ah! the way is steep and long  15
That leads unto thy sacred street. 
  
II.

And yet what joy it were for me
 
  To turn my feet unto the south, 
  And journeying towards the Tiber mouth 
To kneel again at Fiesole!  20
  
And wandering through the tangled pines 
  That break the gold of Arno’s stream, 
  To see the purple mist and gleam 
Of morning on the Apennines. 
  
By many a vineyard-hidden home,  25
  Orchard, and olive-garden grey, 
  Till from the drear Campagna’s way 
The seven hills bear up the dome! 
  
III.

A pilgrim from the northern seas—
 
  What joy for me to seek alone  30
  The wondrous Temple, and the throne 
Of Him who holds the awful keys! 
  
When, bright with purple and with gold, 
  Come priest and holy Cardinal, 
  And borne above the heads of all  35
The gentle Shepherd of the Fold. 
  
O joy to see before I die 
  The only God-anointed King, 
  And hear the silver trumpets ring 
A triumph as He passes by!  40
  
Or at the altar of the shrine 
  Holds high the mystic sacrifice, 
  And shows a God to human eyes 
Beneath the veil of bread and wine. 
  
IV.

For lo, what changes time can bring!
  45
  The cycles of revolving years 
  May free my heart from all its fears,— 
And teach my lips a song to sing. 
  
Before yon field of trembling gold 
  Is garnered into dusty sheaves,  50
  Or ere the autumn’s scarlet leaves 
Flutter as birds adown the wold, 
  
I may have run the glorious race, 
  And caught the torch while yet aflame, 
  And called upon the holy name  55
Of Him who now doth hide His face.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

A arte é caminho para Deus

Senhor, ajudai-nos a rezar, Ámen!

É de facto lastimável a negligência das coisas Divinas na consciência dos leigos que sem culpa, têm falta de instrução cujos os incautos Padres omitem, iludem-se com o «aprenda você mesmo», «faça você mesmo» que raia ao protestantismo. Ouvimos por outro lado os filhos dilectos de Cristo a murmurar sempre que os Leigos têm mais ousadia nos gestos de reverência ao Sacrário, na missa, antes e depois da Eucaristia, é verdade que hoje eles fazem tudo para retirar os genuflexórios, as imagens, os paramentos e o próprio sacrário da nave central da Igreja, que deixam de existir nestas feias Igrejas que são hoje construídas. As torres já não existem, ou pelo menos são separadas do edifício central, a dimensão catequética da arquitectura desaparece, os significados e símbolos são indecifráveis, as correlações simbólicas são por isso ineficazes porque exigem a sistemática explicação e esclarecimento. O Belo só pode ser amado se for conhecido, uma arte impenetrável para um observador comum será incompreensível e também por isso anticristã, pois a Verdade da revelação longe de ser enigmática foi transmitida para ser ensinada a todos os homens, como o culminar da obra da redenção. A criação de Deus, toda ela é Bela, e ainda que os homens pouco a conhecem, chegam a essa conclusão pela intuição do espírito, que lhe brota pela sua unidade e harmonia, desta forma todo o culto a Deus, deve portanto saber encontrar o equilíbrio entre a intuição e a explicação, não ser por isso completamente ininteligível como é o caso das modernas Igrejas, nem ser enfadonho para o intelecto que vê o seu objecto de culto mais pequeno do que a si próprio. Com certeza uma das causas para a diminuição da fé, foi a perda deste equilíbrio nas artes religiosas, e especialmente no culto a Deus.

Um exemplo de uma Igreja que está a ser construída e cuja arte pouco diz, pelo menos de forma evidente: