segunda-feira, 26 de julho de 2010

Objecção Liberal contra a Cidade Católica

Pelo que foi dito acima, creio que se compreende bem que na história não há nenhuma lei imanente do progresso da liberdade humana, da emancipação da cidade temporal quanto à submissão a Nosso Senhor Jesus Cristo.
Mas dizem os liberais como o Príncipe Alberto de Broglie em seu livro "A Igreja e o Império Romano no séc. IV", o regime que desejais da união da Igreja e do Estado, que foi a dos Césares cristãos e germânicos sempre conduziu a uma submissão da Igreja ao Império, a uma molesta dependência do poder espiritual ao temporal. Diz o autor: " a aliança entre o trono e o altar nunca foi durável, nem sincera, nem eficaz"1. Como consequência a liberdade e independência destes dois poderes tem valor.
Deixo ao Cardeal Pio, o cuidado de responder a estas acusações liberais; ele não tem dúvida em qualificar estas afirmações temerárias como trivialidades revolucionárias:

"Se vários príncipes ainda neófitos e ainda não desligados dos costumes absolutistas dos Césares pagãos, desde o princípio trocaram a protecção legítima por opressão; se procederam com rigor contrário ao espírito cristão (geralmente lutando por uma heresia, a pedido de bispos hereges), houve na Igreja homens de Fé e de valor como Hilário, Martinho, Atanásio e Ambrósio, para chamá-los ao espírito de mansidão cristã, para repudiar o apostolado da espada, para declarar que a convicção religiosa jamais se impõe pela violência e finalmente proclamar com eloquência que o cristianismo, que se havia propagado apesar da perseguição dos príncipes, podia prescindir de seus favores e não devia se colocar sob nenhuma tirania. Nós conhecemos e temos pesado cada palavra destes nobres atletas da Fé e da liberdade de sua Mãe a Igreja. Mas tendo protestado contra os abusos e excessos e censurado as acções intempestivas e falta de inteligência que às vezes atentavam contra o princípio e as regras da imunidade sacerdotal, nenhum destes seus chefes têm o dever de professar publicamente a verdade cristã, harmonizar com ela seus actos e instituições e também proibir com leis quer preventivas ou repressivas, segundo as disposições do tempo e dos espíritos, os atentados que deram carácter de patente impiedade e introduziram a inquietação e a desordem no meio da sociedade civil e religiosa"2

É um erro, ao qual foi dado destaque e que este trecho do Cardeal esclarece bem, dizer que o regime de "só liberdade" seja um progresso em relação ao regime de união das duas potências. A Igreja nunca ensinou que o sentido da História e o progresso consistem na tendência inevitável para a emancipação recíproca do temporal em relação ao espiritual. O sentido da História de Jacques Maritain e de Yves Congar não passa de um contra-senso. Esta emancipação que descrevem como sendo um progresso, não passa de um divórcio ruinoso e blasfemo para a cidade e Jesus Cristo. Foi necessária a falta de vergonha de "Dignitatis Humanae" para canonizar este divórcio, e isto, suprema impostura, em nome da verdade revelada!
Por ocasião da conclusão da nova concordata entre a Igreja e a Itália, João Paulo II declarava: "nossa sociedade se caracteriza pelo pluralismo religioso", e dava a consequência: esta evolução demanda a separação entre a Igreja e o Estado. Mas em nenhum momento João Paulo II pronunciou um juízo sobre esta troca mesmo sendo para deplorar a laicização da sociedade, ou simplesmente dizer que a Igreja se resignava a uma situação de facto. Não, sua declaração como a do Cardeal Casaroli, louvava a separação da Igreja e do Estado, como se fosse o regime ideal, o resultado de um processo histórico normal e providencia, contra o qual nada se pode dizer! Dito de outra forma: "Viva a apostasia das nações, eis aí o progresso!" Ou então: "Não devemos ser pessimistas! Abaixo os profetas de calamidades! Jesus Cristo já não reina? Que importância têm? Tudo bem! De qualquer modo a Igreja marcha rumo ao cumprimento de sua história. E depois de tudo Cristo vem, aleluia!". Este optimismo simplista enquanto já se acumulam as ruínas, este fatalismo, não são os frutos do espírito de erro e descaminho? Tudo isto me parece absolutamente diabólico.

1 Op. cit., T.IV, pág. 424, cit. Pelo P. T. De St Just,pág. 55.
2 3º instrução sinodal sobre os principais erro do tempo presente, Obras, T-V, pág. 178.


Texto retirado do livro: "Do liberalismo à Apostasia - a Tragédia Conciliar"
Autor: Mons. Marcel Lefebvre Editora Permanência

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