sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Ratzinger e a Lei Natural

Pela tradição em Portugal, Ámen!

Se de facto pouca gente do mundo, segue a lei da Igreja no que se refere ao uso do preservativo, que se fundamenta na lei natural e enriquecida pela Revelação, deixo um pequeno trecho, do livro: Existe Deus? - Ateísmo e Verdade - Joseph Ratzinger, Paolo Flores DÁrcais; no qual o Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, refuta a novidade e a mutabilidade da lei natural, como um expediente usada por parte da Igreja nos séculos XIX e principalmente XX, para defender e resguardar a evidente fraqueza das convicções e da fé Católica do mundo contemporâneo.

Gad Lerner: Gostaria de citar, se me permitirdes, a objecção de um pensador laico italiano, Gian Enrico Ruscini, que, por outro lado, é de matriz Católica, foi um crente que hoje reflecte sobre a crise, por ele qualificada de paralela, do pensamento laico e da teologia católica. Afirma ele que existe uma forte crise paralela, em que a insistente referência da teologia ás leis naturais constituiria justamente um «salva-vidas» em relação ao enfraquecimento da solidez dos princípios e das certezas do passado. E essa centralidade que a defesa da vida humana assumiu na doutrina seria, precisamente, uma aquisição recente, não absoluta e permanente da história da Igreja.

Joseph Ratzinger: Eu diria duas coisas. Primeira questão: houve um certo exagero no uso da referência à lei natural, na doutrina social da Igreja, nascida no final do século XIX, e depois no século XX, até ao Concílio Vaticano II. Houve excessos. Mas essa referência [ao direito natural] um pouco - digamos - exagerada, não impede que ela esteja já presente em S. Paulo, que fala da katanoesis [a palavra grega não é de todo certa].
É uma palavra de que indica circunspecção pela criação e a profunda convicção de que a criação fala de Deus e, portanto, também do homem. Encontramo-la também no Antigo testamento; por isso, sobre a expansão da lei natural, e até onde deve ela chegar, pode e deve discutir-se. Mas, sobre o facto de que os cristãos sempre consideraram a criação como uma realidade em que está presente o logos - e, portanto, não apenas uma estrutura matemática, mas também uma indicação da vida correcta - isso é realmente uma herança dos começos.
Também é certo que, digamos, a atenção concedida à defesa da vida humana é hoje maior do que no passado e, nesse sentido, é igualmente uma característica específica do nosso século, no qual tivemos, afinal, a experiência de uma crueldade e de um desprezo do ser humano, que nos deve manter despertos.
Mas eu diria, nunca se pensou que o homem chegaria a dispor do ser humano, da vida humana. [FIM]

Infelizmente, temos que dizer que Ratzinger hoje como Papa, nas suas imprudentes palavras confundiu o mundo, ao fazê-lo crer que desistiu e cedeu um pouco mais no dever de restituição da verdadeira dignidade do ser humano. O que não é verdade, como podemos ver acima.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A Sexualidade Cristã

Pela conversão dos ateus e agnósticos, Ámen!

A vida Humana é um Dom de Deus, ninguém pode dizer-se que nasceu por mérito próprio, ou por sua própria vontade, nem se pode arrogar de ser o autor da sua própria vida. A vida é um Dom que recebemos, no qual devemos conservar, preservar e desenvolver! É no acto conjugal de amor, que Deus decidiu que fosse também o acto próprio para dar vida aos homens, ou seja, estão intimamente ligados, segundo as leis naturais criadas por Deus. Estes dois actos enriquecem-se um ao outro, e tornam o amor dos esposos plenos, pois dão-se totalmente um ao outro, o dom de si mesmo. "Salvaguardando estes dois aspectos essenciais, unitivo e procriador, o acto conjugal conserva integralmente o sentido de amor mútuo e verdadeiro e a sua ordenação para a altíssima vocação do homem para a paternidade." Humanae Vitae 12 Os esposos tornam-se um só carne, uma só alma, na plenitude da unidade.
A questão da malignidade do uso de preservativo advêm de artificialmente negar o dom da vida, invertendo o acto de doação e luz dos esposos, transformando-o num acto de egoísmo, remetendo o parceiro para um plano igual a de um objecto de consumo, pronto para ser devorado como por um buraco-negro. "É (pois) de recear que o homem, habituando-se ao uso das práticas anticoncepcionais, acabe por perder o respeito pela mulher e, sem se preocupar mais com o equilíbrio físico e psicológico dela, chegue a considerá-la como simples instrumento de prazer egoísta e não mais como a sua companheira, respeitada e amada." Humanae Vitae 17. Assim os contraceptivos, transformam os seres humanos em predadores bestiais porque abrem um buraco de desresponsabilização, ao destruir voluntariamente qualquer possibilidade de vida que está intrinsecamente unida ao acto sexual.

Agora o demónio pergunta, se o esposo tiver sida devido a um acto irreflectido de adultério, pode fazer sexo com a esposa, protegendo-a com o preservativo para a não contaminar?

"Quem reflectir bem, deverá reconhecer .. que um acto de amor recíproco, que prejudique a disponibilidade para transmitir a vida que Deus Criador de todas as coisas nele inseriu segundo leis particulares, está em contradição com o desígnio constitutivo do casamento e com a vontade do Autor da vida humana. Usar deste dom divino, destruindo o seu significado e a sua finalidade, ainda que só parcialmente, é estar em contradição com a natureza do homem, bem como com a da mulher e da sua relação mais íntima; e, por conseguinte, é estar em contradição com o plano de Deus e com a sua vontade." Humanae Vitae 13

"É, ainda, de excluir toda a acção que, ou em previsão do acto conjugal, ou durante a sua realização, ou também durante o desenvolvimento das suas consequências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação." Humanae Vitae 20

A solução é a Fidelidade para prevenir estes casos..

Mas o demónio astuto, dizia que o casamento estava em risco, devido a esta situação?

Não se podem invocar, como razões válidas, para a justificação dos actos conjugais tornados intencionalmente infecundos, o mal menor, ou o facto de que tais actos constituiriam um todo com os actos fecundos, que foram realizados ou que depois se sucederam, e que, portanto, compartilhariam da única e idêntica bondade moral dos mesmos. Na verdade, se é lícito, algumas vezes, tolerar o mal menor para evitar um mal maior, ou para promover um bem superior, nunca é lícito, nem sequer por razões gravíssimas, fazer o mal, para que daí provenha o bem; isto é, ter como objecto de um acto positivo da vontade aquilo que é intrinsecamente desordenado e, portanto, indigno da pessoa humana, mesmo se for praticado com intenção de salvaguardar ou promover bens individuais, familiares, ou sociais." Humanae Vitae 14,

A solução é a castidade para que o amor dos conjugues seja sagrado e compreensivo..


No mundo de desgraça em que vivemos, as virtudes da castidade e da fidelidade não são respeitadas, por isso aparece aqui o preservativo como uma falsa solução, porque pecaminosa. Queria acrescentar por isso, a dificuldade de julgamento da gravidade do pecado, tanto em relação ao uso de preservativo como em relação à transmissão consciente de uma doença sexualmente transmissível a um conjugue! No primeiro caso é uma transgressão do 6º mandamento (guardar castidade), e no último, uma transgressão do 5º mandamento (Não matarás), assim julgo que transgredir o 5º mandamento seria mais grave, pois além de pecarmos contra nós e Deus, pecámos contra o próximo, enquanto no 6º não pecámos contra outro ser humano. Só a nossa fraqueza nos leva a distinguir a gravidade da infracção de 2 mandamentos, porque são ambos pecados, devia ser o bastante para não infringir os 2.

Também queria acrescenta que no trecho acima d
a Humanae Vitae do Papa Paulo VI, este parece fazer uma distinção, entre tolerar um mal menor para impedir um mal maior, e tolerar um acto mau para alcançar um bem, dizendo que este último não é licito porque é logicamente impossível, o problema é que estas duas distinções facilmente podem ser manuseadas para qualquer situação, como o exemplo acima dado, se é ilícito usar um preservativo para proteger um casamento, já seria tolerável o seu uso como um mal menor para não contagiar o conjugue?? A única resposta objectiva, seria que são duas situações pecaminosas..

A miséria do nosso mundo é incomensurável e nunca mais acabaria e os exemplos seriam muitos, e o demónio aproveitaria-se sempre da nossa situação para aumentar o escândalo, mas a lei de Deus escrita na criação não mudaria uma virgula! No entanto a questão essencial, e julgo eu que não se pode resolver objectivamente, é se é sempre pecado o uso de preservativo, por exemplo, no caso de um esposo ser estéril involuntariamente e ele ou a esposa terem alguma doença sexualmente transmissível, se seria bom o uso de preservativo? A resposta julgo eu, é dúbia, podia ser como não ser, depende caso o acto conjugal fosse uma manifestação de amor, ou um uso egoísta dos corpos.. São coisas que não se legislam porque são coisas particulares subjectivas, e a lei por natureza deve ser universal, no entanto no nosso mundo actual de relativismo, dificilmente isso acontece, mas ainda assim as melhores leis são aquelas mais próximas da universalidade da Verdade. O Cristianismo defende a plenitude humana, por isso é regido por máximas, como o próprio Jesus ensinou, como a própria felicidade requer. Assim teremos vida em abundância, sem misérias como aquelas ilustradas acima!


"A doutrina da Igreja sobre a regulação dos nascimentos, que promulga a lei divina, parecerá, aos olhos de muitos, de difícil, ou mesmo de impossível actuação. Certamente que, como todas as realidades grandiosas e benéficas, ela exige um empenho sério e muitos esforços, individuais, familiares e sociais. Mais ainda: ela não seria de facto viável sem o auxílio de Deus, que apóia e corrobora a boa vontade dos homens. Mas, para quem reflectir bem, não poderá deixar de aparecer como evidente que tais esforços são nobilitantes para o homem e benéficos para a comunidade humana." Humanae Vitae 20

domingo, 21 de novembro de 2010

Ainda sobre as declaraçãoes de Bento XVI

Em memória de todas as vítimas do aborto, Ámen!

Eu na postagem anterior, tentei compreender as declarações do Papa, e acho que consegui justificá-las, mas surgiu outro problema, é o Papa quem as diz! O que há mais perigoso para a Fé, é o Papa opinar sobre casos particulares, devido à sua complexidade e subjectividade, que trazem confusão à verdadeira doutrina, no qual ele é o principal guardião. O Diabo, é um ser muito inteligente, e o que ele mais faz, é colocar pedras de tropeço. Ora a Igreja como guardiã da Fé, da Verdade que une todos os homens do mundo, legisla sempre nas questões da doutrina, moral, fé, em harmonia com a Verdade da natureza humana e do mundo, cuja universalidade não deixa ninguém de fora. No entanto, no nosso mundo imperfeito, existem casos particulares, que aparentemente tornem a Verdade, demasiado dura. Por exemplo no caso do aborto, os servos do demónios, fazem por embaraçar a pretensa Verdade das leis da Igreja, com casos esdrúxulos, como por exemplo, quando uma criança é violada e fica grávida, como aconteceu à pouco tempo, no Brasil. É óbvio que não há nada que justifique um assassínio, por mais que seja de lamentar os casos de violação. Aqui com os preservativos é a mesma coisa, não há justificação para o seu uso em relações heterossexuais, e mesmo assim, só aparentemente é que parecem ajudar, mas no fundo tornam as pessoas mais promiscuas. Já nas relações homossexuais, como disse na postagem anterior é indiferente o uso do preservativo, por isso acabo por concordar com o Papa neste caso particular. O problema é que o Papa não pode opinar sobre casos particulares, o Papa como detentor das Chaves de Pedro, deve olhar para o Céu e não para a Terra, um dos principais problemas hoje da Igreja, é o não exercício do seu poder de magistério infalível.. e isso deve-se também à ditadura do relativismo que o Papa tanto ataca. Por isso o Papa deve-se abster de análise de casos miseráveis do nosso mundo, mas que existem, porque quanto mais particular é um caso, mais subjectivo torna-se o seu julgamento e mais prudente é deixar para a justiça Divina. Hoje assiste-se a um fenómeno curioso no mundo que é a emancipação de particularismos contra aquilo que é universal e por isso racional, e nas leis é a mesma coisa, reconhece-se hoje a homossexualidade, contra a universalidade da heterossexualidade, reconhece-se hoje um terceiro sexo que não se sabe bem o que é, contra a universalidade do sexo masculino e feminino, reconhece-se valores de minorias contra os valores da maioria, ainda por mais bizarros que sejam, mas lutam contra uma cultura, cuja razão tem pouco a dizer.. O Papa deve ser prudente, não pode tropeçar, nem pode deixar que a Igreja tropece, deve fixar o mundo com os olhos de Deus, que contemplou a sua obra, e viu que tudo era Bom, e legislar consoante a lei de Deus e da Criação, com toda a autoridade que Deus lhe deu, nos locais próprios e com todos os símbolos inerentes ao seu Poder!

Nota: A minha tentativa de defesa do Papa na postagem anterior tem falhas, e isso deve-se, pela particularidade e subjectividade do caso. Ou seja, no caso do infractor, ter sida e não conseguir evitar o pecado homossexual, o uso de preservativo como um acto de protecção dele e do parceiro por incrível que pareça é bom, porque como já disse a malignidade do preservativo neste caso não se põe, ainda que o acto homossexual seja intrinsecamente mau, mas se o homossexual usa o preservativo como um instrumento de seguro para uma maior promiscuidade, é óbvio que é mau e agrava o pecado, porque o deixa mais preso a este! Por isso lamento ter sido o Papa o primeiro a opinar sobre este caso particular, quando ele têm é que fortalecer as leis Universais e Verdadeiras da Igreja.

O pecado do preservativo

Pelas almas do Purgatório. Amén

As polémicas palavras do Papa Bento XVI, sobre o uso do preservativo em casos excepcionais por parte de prostitutos, levantaram um clamor de indignação por parte das pessoas tradicionais, no qual também me defino, no entanto, acho que o exemplo dos homossexuais dado pelo Papa, foi um bom exemplo, porque as relações homossexuais por si só já estão fechadas à vida, o que as torna indiferentes ao uso de preservativos, porque a principal causa para a condenação de contraceptivos, é por estes negarem o potencial dom da vida. Mas numa relação homossexual, não existe esse dom de vida, por isso o uso do preservativo não vai agravar o dito pecado, porque nesse aspecto não faz diferença!
Então porque os homossexuais usam preservativos? Os homossexuais usam preservativos, para se protegerem de doenças sexualmente transmissíveis, aquilo que o Papa chama: "a consciência de que nem tudo é permitido", e será isso um pequeno passo, para terem consciência que o acto homossexual é intrinsecamente mau? A resposta parece-me que sim.. no entanto quem está no terreno, e lida com essas pessoas, é quem conhece melhor a realidade, e infelizmente os seres humanos são criaturas fracas, e 'as tais circunstâncias que atenuam o pecado' não ilibam o acto de ser mau, neste caso as relações homossexuais. E estas por serem tão baixas ao negarem a vida, acabam por ilibar o preservativo e torná-lo um instrumento de consciência e protecção, isto porque o preservativo serve para duas coisas, tem duas potências, uma boa e outra má, no qual a má (negação da vida) anula a boa (protecção contra as doenças) devido à sua gravidade.

O que seria impensável numa relação heterossexual, o acto homossexual acaba por tornar indiferente tal é a sua decadência, assim o acto mau do preservativo acaba por ser anulado, e o acto bom vê-se como um primeiro passo, de milhões que têm que ser dados, para uma restituição da dignidade humana.. Infelizmente estas particularidades, não existiriam num mundo perfeito governado por leis universais, e por isso estas concessões parecem à primeira vista uma primeira brecha no muro da doutrina Católica, no entanto nós Católicos temos que baixar-nos muito para não sermos frios na caridade. As portas do Inferno não prevalecerão!

É a opinião de um simples leigo. Ainda assim queria lamentar o espectáculo de perseguição que mais uma vez o mundo católico é confrontado, o espectáculo dos media que só metem o que querem, e o espectáculo do demónio que é quem mais se diverte junto com os amigos...


As respostas de Bento XVI

Em África, Vossa Santidade afirmou que a doutrina tradicional da Igreja tinha revelado ser o caminho mais seguro para conter a propagação da SIDA/AIDS. Os críticos, provenientes também da Igreja, dizem, pelo contrário, que é uma loucura proibir a utilização de preservativos a uma população ameaçada pela SIDA/AIDS.


«Em termos jornalísticos, a viagem a África foi totalmente ofuscada por uma única frase. Perguntaram-me porque é que, no domínio da SIDA/AIDS, a Igreja Católica assume uma posição irrealista e sem efeito – uma pergunta que considerei realmente provocatória, porque ela faz mais do que todos os outros. E mantenho o que disse. Faz mais porque é a única instituição que está muito próxima e muito concretamente junto das pessoas, agindo preventivamente, educando, ajudando, aconselhando, acompanhando. Faz mais porque trata como mais ninguém tantos doentes com sida e, em especial, crianças doentes com sida. Pude visitar uma dessas unidades hospitalares e falar com os doentes.

Essa foi a verdadeira resposta: a Igreja faz mais do que os outros porque não se limita a falar da tribuna que é o jornal, mas ajuda as irmãs e os irmãos no terreno. Não tinha, nesse contexto, dado a minha opinião em geral quanto à questão dos preservativos, mas apenas dito – e foi isso que provocou um grande escândalo – que não se pode resolver o problema com a distribuição de preservativos. É preciso fazer muito mais. Temos de estar próximos das pessoas, orientá-las, ajudá-las; e isso quer antes, quer depois de uma doença.

Efectivamente, acontece que, onde quer que alguém queira obter preservativos, eles existem. Só que isso, por si só, não resolve o assunto. Tem de se fazer mais. Desenvolveu-se entretanto, precisamente no domínio secular, a chamada teoria ABC, que defende “Abstinence – Be faithful – Condom” (“Abstinência – Fidelidade – Preservativo”), sendo que o preservativo só deve ser entendido como uma alternativa quando os outros dois não resultam. Ou seja, a mera fixação no preservativo significa uma banalização da sexualidade, e é precisamente esse o motivo perigoso pelo qual tantas pessoas já não encontram na sexualidade a expressão do seu amor, mas antes e apenas uma espécie de droga que administram a si próprias. É por isso que o combate contra a banalização da sexualidade também faz parte da luta para que ela seja valorizada positivamente e o seu efeito positivo se possa desenvolver no todo do ser pessoa.

Pode haver casos pontuais, justificados, como por exemplo a utilização do preservativo por um prostituto, em que a utilização do preservativo possa ser um primeiro passo para a moralização, uma primeira parcela de responsabilidade para voltar a desenvolver a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer. Não é, contudo, a forma apropriada para controlar o mal causado pela infecção por VIH/HIV. Essa tem, realmente, de residir na humanização da sexualidade.»

Quer isso dizer que, em princípio, a Igreja Católica não é contra a utilização de preservativos?

«É evidente que ela não a considera uma solução verdadeira e moral. Num ou noutro caso, embora seja utilizado para diminuir o risco de contágio, o preservativo pode ser um primeiro passo na direcção de uma sexualidade vivida de outro modo, mais humana.»

In Bento XVI, Luz do Mundo – O Papa, a Igreja e os Sinais dos Tempos – Uma conversa com Peter Seewald, Lucerna, 2010

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Tempos de crise e decadência II

Em acção de graças pelo reinado do Papa Bento XVI, Amén.

A ditadura do relativismo domina todas as instituições, estruturas, ideias, o ser do Ocidente, este estado mental, permanece devido à ausência da novidade, nesta história já tão velha.. Não há coisas novas para acreditar, só temos aquilo que permanece... Mas o Homem, busca sempre o que é novo, para descartá-lo logo a seguir por ser velho, de facto só o infinito, o absoluto, saciará plenamente o Homem. Por isso só as obras intemporais, só as ideias intemporais, as instituições intemporais, é que merecem o louvor dos homens e das sociedades, e é nestes tempos de velhice e decadência, que as coisas intemporais presentes na história até aos nosso dias, é que começam a ganhar importância e a reluzir mais, por conseguirem vencer a lei do tempo provando o seu valor e universalidade. É neste contexto, que a Igreja Católica tem de retirar do seu baú os seus imemoriais tesouros, porque as almas hoje têm sede do que é intemporal, querem se tornar outra vez fortalezas e não ondas agitadas. Nestes tempos sem crescimento, sem nada de novo, o que permanece brilha mais, tal como as estrelas que brilham no céu, quantos mais afastados estamos das luzes do mundo, e hoje o mundo ocidental tem poucas luzes.

Bom, aquilo a que quero chegar, é como chegámos aqui? Nós Católicos cremos que a Igreja Católica como sacrário de Cristo, como mãe que prepara-se para dar à luz, com Mãe da Luz, que tem como missão dar muitos filhos a Deus, será que deixou de iluminar e ficou estéril? É impossível, no entanto hoje, quando o mundo tem fome de Deus, a acção da Igreja é escassa em frutos, a conversão é lenta, a renovação dos espíritos é lenta.. A conclusão é óbvia, a Igreja deixou-se contaminar pela esterilidade do mundo, e hoje tanto a cidade temporal, como a cidade espiritual, padecem da mesma doença, que é o tempo, na primeira é natural, na segunda não, pois Cristo a cabeça da Igreja está fora do tempo junto com a Igreja Triunfante. Por isso mesmo a Igreja Militante sofre de um paradoxo, que é uma doença para qual tem a cura, Jesus Cristo a Verdade que transcende o Tempo, por isso só tem que prestar o verdadeiro culto que recebeu de Cristo pela sucessão apostólica. Será que é difícil?

O próprio relativismo e modernismo já são velhos, parafraseando um génio literário português ainda que herege na doutrina, Fernando Pessoa define o homem pelo seu heterónimo Ricardo Reis, como "sepulcros adiados que procriam", mais relativismo que isto não há! E já morreu há mais de 70 anos, por isso para nós Católicos, ficámos aflitos quando a Igreja tarda em iluminar um mundo tão velho... resta-nos orar e esperar, para que a Igreja volte outra vez a sua cara para Deus e não para os homens!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A liberdade..

O que faz o homem livre? Antes de mais nós somos seres cuja a vida nos foi dada, e por isso todos os seres humanos têm um Pai e uma Mãe, mesmo as crianças que têm no papel dois pais ou duas mães.. e à medida que vamos amadurecer na vida tanto fisicamente e mentalmente, deparámos com as nossas fraquezas, com as nossas virtudes, no fundo conhecemos-nos como somos e vemos claramente os nossos limites, pelo menos falo por mim, não sei como os grandes homens se vêm .. mas sei que acabam como nós, no pó da terra.. Conhecendo então um pouco do mundo, um pouco daquilo que somos, construímos um projecto de vida que é confrontado com duas escolhas essenciais, no qual se resume a nossa liberdade, a imposição da nossa verdade e da nossa vontade, ou anuir e aceitar um mundo externo a nós, com a sua natureza e verdade. A escolha adequada, é o meio, já Aristóteles dizia que a virtude está no meio.
Assim quando Deus criou o homem, deu 3 ordens a Adão, e uma delas, é para que este domine o mundo, não um domínio contrário a este, mas um domínio natural, pois o Homem faz parte deste, e por isso não faz sentido combatê-lo quando é o mundo que nos sustenta. É caso para fazer a pergunta, nós somos livres para obedecer? A questão essencial tem haver com a finalidade da nossa liberdade, toda a gente age em vista a um bem, e infelizmente há homens com as devidas virtudes, que as usam para se fazerem deuses, para infortúnio do nós todos, e são poucos os que permanecem livres, quando lhes são concedidos essas virtudes. A liberdade, só existe quando permanece na verdade, no entanto, quando o homem progride nos bens, são poucos os que não caem, são poucos os que permanecem livres, são muitos que tornam-se tirânicos de si próprios, são poucos os que permanecem fiéis à verdade que abarca o mundo, e por isso os seus frutos são abundantes. Na história há esse movimento, semelhante ao que acontece na nossa vida. Entre a liberdade do homem e a liberdade de Deus, entre a verdade do homem, e a verdade do mundo.. podemos ver um pouco dessa evolução em dois dos maiores doutores da Igreja. Santo Agostinho, e Santo Tomás de Aquino, e sinteticamente o primeiro define a relação entre a graça de Deus (a acção de Deus) e a natureza do Homem (acção do homem), com esta primeira a completar o que falta à segunda, o que até se compreende no seu tempo pois viveu o Outono do Império Romano, no qual a acção do homem pouco conseguiu contrariar, e por isso foi uma fatalidade, a morte de uma era. Já Santo Tomás de Aquino, viveu na aurora do que hoje chamámos o mundo Ocidental, e por isso, faz uma síntese que reclama mais força para o homem, definindo uma equilibrada relação entre a graça de Deus, e a natureza do homem, na qual a primeira aperfeiçoa a segunda, mas não a substitui, como Santo Agostinho diz. É claro que na época Moderna, a acção de Deus no mundo foi sendo cada vez mais reduzida, devido a uma crescente arrogância do homem na sua capacidade de construir um mundo melhor, e ainda hoje há muitos resquícios disso. Ainda assim, actualmente parece que vivemos um outro Outono de uma era, e por isso, uma certa fatalidade e incapacidade humana abate-se sobre nós. Foi com os olhos de crianças que a Cristandade no século XIII olhou o mundo, e por isso a síntese Santo Tomás de Aquino é a mais clara e verdadeira. Na vida humana, a noção da nossa capacidade de agir, evoluiu seguindo normalmente os mesmo parâmetros, e como já disse acima, são poucos os que permanecem fiéis à Verdade. Como dizia a Santa Teresa d'Ávila a humildade é permanecer na Verdade, e por isso devemos construir o nosso projecto de vida, tendo em mente o projecto de Deus de Santidade, ou seja, tudo o que fazemos devemos fazer com perfeição. O projecto de Deus não oprime, mas transborda de plenitude de vida.


Nós somos livres para obedecer?
A resposta é não, somos livres para ser felizes.

sábado, 6 de novembro de 2010

Espanha

O Papa começou a 2º visita a Espanha, do seu pontificado, já com uma 3º prevista para o ano, o que mostra a determinação do Papa em cumprir um dos eixos do seu pontificado que é a nova evangelização da Europa. Espanha como o Papa afirmou, é actualmente, onde o laicismo e o secularismo mais radical, tiveram mais vitórias nos últimos anos, e por isso o confronto entre a Fé e o secularismo está mais vivo. O papa apelou ao reencontro entre a Fé e a laicidade, e não ao seu confronto, o que considero difícil, pois o laicismo tem como fundamento a descrença em Deus e da Religião, e a luta entre o ateísmo e a Religião torna-se de facto permanente, buscando as duas a supremacia, no qual o laicismo transforma-se no estado intermediário de moderação e indiferença.
A prova disso, é o que acontece em Espanha, cuja a maioria do povo Católica, a história Católica, os heróis Católicos, não justificam que o Estado seja Católico, infelizmente com a bênção da Igreja, no entanto a minoria secular e laicista arroga-se de implantar valores contrários à nação espanhola.. Resta perguntar o que fariam se fossem a maioria?
Mas é com prazer, que vejo o Papa ir a Santiago, o mato Mouros, expressão pouco ecuménica mas que inspirou no passado a gloriosa luta entre os Cristãos e os Mouros que deu origem à actual Espanha. Santiago Compostela na Idade Média era junto com Roma e Jerusalém, os três únicos locais na cristandade com as Indulgências das chamadas peregrinações maiores, e por isso eram os maiores locais de peregrinação da Cristandade. É neste contexto que no século XI e XII, muitos Francos chegam à península, instalam-se e participam na reconquista. Os territórios por onde os peregrinos passavam, especificamente no norte de Espanha, também desenvolvem-se rapidamente devido a esta afluência de peregrinos. A importância de Santiago, como local central num contexto Europeu, foi fulcral para o sucesso da reconquista, ao atrair gentes cristãs de toda a Europa, cujas força inerentes, desde económica, social, militar, permitiram o avanço das forças cristãs para o sul da península, Santiago inspirou e foi fulcral para o nascimento de Espanha, serviu de nome para a ordem militar de Santiago, fulcral em toda a península, cujo os cavaleiros tinham como patrono e defensor este mesmo Santo. É neste contexto que Portugal também é criado, como uma zona tampão pensada por S. Bernardo, como reino ideal Cristão. Assim Santiago, foi apenas um dos primeiros capítulos da grande história Católica de Espanha, cujo o principal capítulo tenha sido provavelmente a influência do Clero e Reis de Espanha na convocação e finalização do concílio do Trento no século XVI, dando inicio à contra reforma, que daria muitas mais almas ao Catolicismo do que aquelas que a Igreja tinha perdido na Europa, através da evangelização do novo mundo e do oriente, que tiveram como figuras centrais, os Jesuítas, a maior ordem da Igreja Católica fundada pelo espanhol Santo Inácio nesse mesmo século, que está cheia de grandes personagens como o seu amigo espanhol São Francisco de Xavier o maior evangelizador a seguir a S. Paulo.