por Luís Botelho Ribeiro
É por minha culpa, por minha grande culpa que o mesmo mundo que, desde o início de Agosto, acompanha com ansiedade a evolução das operações de salvamento da Vida Humana de 33 mineiros chilenos, prossegue indiferente ao abortamento da Vida Humana de 40 a 50 milhões de bebés concebidos em cada ano.
Cada dia que a perfuradora encrava ou retoma a sua actividade... as famílias sobressaltam-se ou recobram esperança. As redacções agitam-se, as televisões fazem directos e o cidadão comum vai seguindo o drama transformado numa novela que cada vez mais, felizmente, se desenha com final feliz para aqueles 33 seres humanos como nós, embora escondidos do nosso olhar directo, lá na sua mina a 700 metros de profundidade . No entanto, durante a mesmíssima paragem da máquina, há outros 120.000 seres humanos como nós que ninguém quer salvar lá do interior da sua pequena "mina".
- Porque razão se nos prende o olhar à televisão quando o telejornal nos mostra imagens daquela mina.. e nos afastamos quando nos mostram a vida humana intra-uterina que estamos a matar?
- Por que razão nos solidarizamos com os mineiros chilenos, mais ou menos jovens, e recusamos abrir o nosso coração a sentimentos de solidariedade para com os mais jovens dos portugueses?
- Por que razão, se preciso fosse, nos quotizaríamos para acelerar aquela perfuradora e antecipar a libertação dos mineiros... mas votámos conscientemente(?) no sentido de que uma parte das nossas quotizações ao estado seja usada para fazer com que 20.000 bebés portugueses jamais vejam a luz do dia?
Por isso reconheço que só pode ser "por minha, por nossa grande culpa", de todos os que nos dizemos pela Vida, que a nossa convicção não é proclamada mais alto à sociedade portuguesa. Só pelo nosso silêncio e passividade ainda se não tornou evidente para todos os portugueses que... se temos um coração humano que também bate pelos outros, temos de afirmar sempre e em qualquer lugar, oportuna e inoportunamente, que nenhum homem tem o direito de parar um coração humano!
A dignidade da Vida Humana não tem prazo de validade inicial ou final. E só quando a respeitarmos nos outros podemos esperar Justiça também para nós. Até lá, a luta continua e continuará sempre, sem medo nem cansaço. A próxima batalha está aí - vamos às presidenciais.
Está escrito que o presidente garante a constituição e também que a constituição garante a inviolabilidade da vida humana. Letra morta que temos hoje a possibilidade de transformar em letra viva! Tal é o compromisso que assumo consigo e em nome do qual peço que nos ajude a reunir 7500 declarações de apoio devidamente assinadas: que o estado português se oriente para a Vida, para a Família, para a Justiça, assumindo de forma consequente, no espírito, na letra e na prática, os valores da solidariedade cristã que, desde a fundação em Guimarães, sempre nos nortearam.
Guimarães, 30 de Setembro de 2010
NB - vd. notícia no jornal «público» de hoje, 30.09.2010, na pág. 14
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
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