domingo, 10 de outubro de 2010

100 anos da queda da Monarquia

Comemorou-se no dia 5 os 100 anos da implantação da República em Portugal de inspiração maçónica, materializado ainda hoje nas cores da actual bandeira nacional "conforme refere Oliveira Marques, em Ensaios da Maçonaria, os Centros Republicanos eram sociedades paramaçónicas, ou seja, sociedades de princípios maçónicos, criadas por maçons. Assim, de acordo com o Dicionário de Maçonaria Portuguesa, segundo o mesmo autor, o vermelho era o "símbolo do fogo, do amor, da inteligência, do sangue, etc." e o verde o "símbolo da água da esperança, da imortalidade, da justiça e da esperança". Acrescente-se que o vermelho era a cor dominante do Rito Escocês Antigo e Aceite que, com o verde, surgem nas insígnias do 15º grau, do mesmo Rito. Mais, segundo o mesmo Dicionário, em Santarém, a Loja da Liberdade, criada em Santarém em [1905] era uma loja maçónica de Rito Francês, mas em 1908 adoptou o Rito Escocês Antigo e Aceite. Por isso, pensamos que essa bandeira pode ter a sua origem na Maçonaria."1 Sim os símbolos são muito importantes, mas apenas para aqueles que os conhecem, e como estes são de carácter muito subjectivo as interpretações são muitas, mas a inspiração histórica fica sempre como a genuína! No entanto hoje dificilmente alguém associa as cores aos ideais maçónicos a não ser é claro os maçons, ainda que a cor vermelha ainda hoje carrega muito a marca revolucionária, que é melhor definida na história da antiga União Soviética.. Hoje temos uma interpretação mais global do simbolismo das respectivas cores no qual duvido que haja alguém que não a aceite, cujo o vermelho representa os mártires e heróis da nação Portuguesa e o verde a esperança cuja inspiração remonta ao positivismo dos inícios do século XX, esperança que certamente não é a mesma, por exemplo entre os maçons e Católicos do passado e do presente. De facto as interpretações de hoje são diferentes das genuínas e por isso erradas, porque a origem dos símbolos permanece sempre como a verdadeira chave de interpretação, assim a nossa República estará sempre marcada pela vitória da ideologia maçónica enquanto Portugal carregar os símbolos da 1º República que anuncia no presente a vitória de há 100 anos, aos que hoje vivem e descendem tanto dos vitoriosos como dos derrotados ainda que possam ser Republicanos. Assim os símbolos da 1º República permanecem sempre como uma fonte de divisão, uma fonte de demarcação entre os vencedores e os derrotados, que mais cedo ou mais tarde podem despontar outra vez em fricções, quanto maior for a consciência do significado desses símbolos e da história que representam.
Os derrotados podem aceitar os símbolos dos vencedores, quando a sorte muda? Dúvido, mesmo que a interpretação tenha mudado ao longo do tempo, há sempre uma nova ideia a anunciar, que os símbolos passados não conseguem reproduzir.

No caso da Cruz, símbolo de ignomínia, vergonha, opressão, horror e desprezo no mundo antigo, utilizado pelo império romano para executar a escória da humanidade, proibido por isso mesmo, a crucificação de qualquer cidadão Romano, os Cristãos sempre o anunciaram "para escândalos" de uns "e loucura" de outros, isto porque Deus elevou a Cruz a símbolo de salvação, apesar da miséria e sofrimento que provoca e que simboliza aqui na terra.. Toda esta aversão e peso, que especialmente naquela época o símbolo da Cruz tinha, não foram suficientes contra o poder de Deus, assim os Cristãos anunciaram-na a todo o império e os Romanos acabaram por aceitá-lo como símbolo da nova Religião Oficial do Império, que para os Cristão (a Cruz) sempre significou Esperança e Salvação. Se o Império saiu derrotado e os Cristão saíram vencedores, estes últimos venceram não pela força das armas mas sim pela força do Amor de Deus. A Cruz Espiritual de Amor de Salvação, de Redenção venceu a Cruz temporal da dor, de sofrimento, de miséria. Os Romanos derrotados por Deus no sinal da Cruz aceitaram humildemente esta transcendência do símbolo da Cruz, pois até então utilizado por eles, para oprimir e esmagar, que define para todos os tempos, como símbolo do poder temporal, mas pelo poder Deus 'transmutou-se' no símbolo do poder Espiritual de Paz e Salvação! Apenas o povo Judeu e os povos Orientais é que demoram-se em converter e vergar a cruz temporal à Cruz Espiritual, os primeiros converter-se-ão no fim dos tempos segundo S. Paulo, os últimos julgo eu, é obra para nossos dias (Sou optimista). (Quanto às sociedades Ocidentais, estão a correr rumo à decadência que espero eu, curarão muitas feridas, como é o caso por exemplo dos símbolos acima descritos que representam as cruzes temporais)

Já desviado e muito do caminho inicial previsto, retomo ao assunto que me propus escrever e que é o motivo desta postagem. Não vou aqui discutir as intenções, simplesmente tentar explicar do meu ponto de vista, porque hoje e sempre, é melhor uma Monarquia do que uma Republica ainda que considere as duas legítimas dentro de certos limites. Existem vários tipos de Monarquias na história Ocidental, as Monarquias Católicas que nasceram em toda a Cristandade a atingiram o seu apogeu no séc XII e XIII, as Monarquias Absolutas que evoluem das anteriores e cujos primeiros traços vão aparecendo já no séc XIV e cujo apogeu é atingido no séc XVI e XVII, depois as Monarquias Liberais cujo Rei jura uma constituição. Hoje existem as chamadas Monarquias Democráticas cujo o Rei funciona mais como um símbolo da unidade, da história, da vontade da Nação, mas sem poder. Todas elas perduraram no seu tempo, o que indica, que em certa medida foram claras imagens da mentalidade da sua época, e por isso foram considerados bons regimes para as pessoas d'então. As Monarquias Católicas têm como Pai, Chefe e 1º senhor aqui na terra o Papa, representante do Senhor dos Exércitos, do Ceú e da Terra, Jesus Cristo. A instituição do Papado, como representante e chefe de toda a Cristandade (Europa Ocidental) é de facto um avanço civilizacional até hoje nunca conseguido, mas hoje tentado na sua forma laica na forma da União Europeia..2 Não era senhor pelas armas, mas sim pelo direito de Deus, que todos os Reis criam, e por isso foi sempre um intermediário, uma autoridade moral,e principal juiz no direito internacional. Com o desenvolvimento das Monarquias Absolutas os Reis deixam de ser os primeiros senhores da Nação e passam a ser o próprio Estado, na ordem internacional o Papa foi perdendo prestígio, principalmente depois de a cátedra de Pedro ter emigrado para a Avinhão entre 1309 e 1377 depois da famosa esbofetada de Felipe IV o Belo ao Papa Bonifácio VIII em Anagni, durante esse êxodo, o Papado foi perdendo muita da autoridade internacional pois estava submetido ao Rei de França. Depois disto o Papa torna-se muitas vez até à contra-reforma, como mais um senhor temporal cujos interesses competiam com os outros Estados. Com as Monarquias Absolutas já não há também a submissão do poder temporal ao poder Espiritual, acontece o inverso nos países Católicos, cuja a hierarquia eclesial vê-se novamente invadida por pessoas seculares sem vocação, principalmente da esfera dos Reis, apenas interessadas nos rendimentos eclesiásticos. As Monarquias Liberais ou Constitucionais, conseguem separar o Rei e o Estado, sendo o primeiro uma figura institucional do último, no qual (o Rei) se submete à lei fundamental do Estado, nascendo as constituições. A evolução dos regimes e do direito como podemos ver, começou por uma visão sacra até à laicização, basicamente isto resume a história do poder da civilização Ocidental, que iniciou-se com um regime de relações pessoais e individuais numa hierarquia que ia do servo mais pequeno até ao Senhor Absoluto (Deus), passando por servos, lavradores, mercadores, artesãos, Barões, Nobres, Bispos, Reis, Papa, etc.. vocações, que como moedas têm diversas faces diferentes, mas partilham no verso uma face em comum, o dever de servir. Cuja antítese foi atingida no nosso tempo, no regime materialista e igualitarista comunista, anticristão por excelência pois totalitário tendo apenas dois estados - o alto e o baixo , duas moedas - as de liga de ouro e as de liga de lata, as elites diabólicas estatais e as massas loucas , que tem como face iguais o direito de serem servidos, e por isso os primeiros têm poder absoluto sobre as últimas.

As constituições actuais que materializam o direito laico, substituem e absorveram o espaço do direito divino acreditado por todos, ainda hoje (os Católicos ainda são a maioria) no espaço público. Antes de dizer porque prefiro a Monarquia em vez da Republica, queria dizer qual a Monarquia que defendo. Primeiro defendo um Estado Católico, porque o povo é Católico, mas também a tolerância em nome da Ordem Pública. O Rei como representante do Estado, deve submeter-se ao Papa no que diz respeito às questões de Fé e Moral, pois como vigário de Cristo guarda as chaves da revelação Divina, tal como as leis laicas justamente submetem-se às leis divinas que podemos apreender pelas leis naturais.
O Rei Católico crendo intimamente nesta constituição Divina materializada no direito Canónico, observaria também uma Lei fundamental ou constitucional que diz respeito às questões temporais e laicas sempre submetidas ao direito Divino. São duas espadas queridas por Deus para governo do mundo, e eficazes contra todos os totalitarismos, se devidamente ordenadas. E como é óbvio segundo a complexidade da administração do estado actual, é necessário um governo técnico encarregado de administra-lo, que democraticamente poderia muito bem ser escolhido dentro do quadro do direito laico e canónico e as suas relações. Estas ideias não diferem muito das Monarquias actuais democráticas, excepto no facto de que os Estados não são Católicos.
Como vimos, a evolução dos regimes Ocidentais, começou com a boa relação dos poderes temporais com o poder Espiritual reconhecendo a superioridade do poder espiritual do Papa, degenerou-se para o absolutismo régio, que teve como reacção, o crescente liberalismo da sociedade e a consequente limitação dos poderes régios ou mesmo a sua destruição em muitos países, no qual desembocamos na história actual, cujas Monarquias existentes estão limitadas em poder, naquilo que elas têm de único, a razão de não terem sido destruídas e é o seu seguro de saúde, e por si só justifica a minha escolha.
Discutir quais dos regimes Ocidentais actuais: Monarquia Democrática, República Presidencialista ou Parlamentar, é o melhor em termos puramente materiais, como a tentativa de mostrar pelo qual se governa melhor, é estéril e infundada. A questão essencial são os símbolos e as verdades que levantam, o que representam, as mentalidades que fortalecem, e historicamente o partido que tomam (como já disse acima, não vou discutir intenções).
A República glorifica mais, o desenvolvimento do direito temporal e do estado, destacando o governo do Homem. Enquanto a Monarquia mais o direito natural e a verdade natural, destacando o governo de Deus, sendo obviamente mais universal e por isso mais verdadeira.
A Republica é mais optimista em relação ao homem, mais positivista e por isso mais progressista, isto é evidenciado pela abertura universal da magistratura maior do Estado a todos os cidadãos em harmonia com a igualdade natural de todos os homens. Por outro lado, devido a mutabilidade inerente à natureza da República pois fundamenta-se em maiorias que estão sempre a mudar, acaba por sofrer legalmente da corrupção e liberalismo dos homens, que vão corroendo o Estado pelos interesses individuais, podendo mesmo transformar-se numa republica de um tirano se este conseguir-se apoderar da magistratura maior como aconteceu na Alemanha de Hitler apoiado por uma maioria. É claro que para prevenir isto de acontecer, podemos sempre acrescentar elementos monárquicos como uma constituição imutável, que não se possa mudar pelo direito, apenas pela revolução ou seja força. Se um estado e o povo forem Católicos, a revolução perde muito da sua força devido à mentalidade Católica.
O Regime Monárquico Católico, submetido e garante das duas espadas acima descritas, delegaria o poder executivo e legislativo segundo eleições democráticas, (quanto ao poder judicial é uma questão mais complexa, tendo em conta a importância da sua autonomia). Seria nestes termos muito sintetizados, que preferiria a monarquia devido à sua transcendência no que diz respeito às questões temporais, e por isso mesmo garante da continuidade da Nação e do Direito.
Monarquia é símbolo da Verdade, pois esta última, pela sua própria natureza não muda e transcende opiniões, é una e permanece imutável. Representa todos e não alguns, não se corrompe por poder, dinheiro ou outro tipo de vícios, pois está acima de qualquer disputa, é intocável. A existência do Rei só tem sentido para servir, e não para ser servido para glória individual, nasce Rei morre Rei, garante do bom funcionamento do Estado, cujo interesses são iguais ao dos cidadãos, glória de Nação, glória de Deus no estado Católico e diferente dos políticos que buscam a própria glória - faz parte da nossa natureza. Está acima de toda a partitocracia corrupta, que apenas busca os seus próprios interesses e não os da nação, imune a qualquer chantagem política, disciplina e fiscaliza os políticos para bem da Nação, condecora ou castiga, corrige ou elogia, sempre acima de qualquer interesse.
Ambas são bons governos, mas considero melhor a Monarquia, devido ao simbolismo que emana desta, que aponta sempre para a imutabilidade da Verdade3 e a sua Transcendência que materializa-se no patriotismo e na fé, à qual somos sempre chamados mesmo quando caímos, mesmo quando o País cai, erguemo-nos e o País ergue-se por saber que Ela permanece transcendente a todos os problemas temporais, e é nesses momentos que os Reis aparecem materializando esta Verdade Universal aos homens. A vocação do Homem transcende este mundo.





1-http://correiodoribatejo.com/index.php?option=com_content&view=article&id=226%3Asantarem-viu-desfraldar-a-bandeira-verde-e-rubra&Itemid=130

2- O império Romano foi construído pela força, e não pelo direito e vontade dos povos, ao contrário da Cristandade constituída por vários Estados, que tinham na Fé Cristã o primeiro direito.

3- Entenda-se por Verdade, não apenas a Verdade Universal, mas também a verdade particular do País, a verdade da sua história, a verdade da sua cultura, a verdade do seu crer, a verdade dos seu sentir, no fundo a Verdade Universal inesgotável e por isso conhecida e iluminada pela riqueza individual do sujeito Estado. Por exemplo os mitos nacionais que mostram ideias de sentir, de crer, que transformam-se em verdades, porque representam faces mentais da sua história. (Fenomenologia que em termos filósofos não é muito ortodoxa, mas os povos não são filósofos)

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