sábado, 23 de outubro de 2010

Tempos de crise e decadência

O Público noticia hoje, que o governo "revoga os benefícios às instituições religiosas mas não os tira à Igreja Católica" despoletando desde já os gritos dos agnósticos e ateus, gritando o dogma da laicidade do Estado e por isso o tratamento igual que todas as religiões têm direito por parte do estado. Eu não sei, se o objectivo do governo é para ser pressionado para depois retirar os benefícios à Igreja Católica, ficando com as mãos limpas. Mas esta descriminação religiosa segundo o direito laico, mesmo se considerámos que a larga maioria da sociedade é Católica donde provêm a larga maioria dos impostos que sustenta o Estado, não é desprovida de sentido, e sim sustentada no peso da Igreja (instituição) em Portugal.
A Igreja Católica tem a maior rede de apoio social em Portugal, e é que melhor conhece o tecido social, por isso melhor presta serviço, foi assim durante toda a sua história, basta ver o exemplo das paróquias que foram as primeiras jurisdições comunitárias a existir no nosso país e abarca-lo todo, indo sempre o estado atrás da Igreja, e ainda hoje acontece isso, as paróquias são muitos mais sensíveis às mutações das comunidades flexibilizando-se mais rápidas, do que qualquer dia as freguesias possam vir a sonhar. Não existe verdadeiramente uma descriminação das outras religiões em relação à Igreja Católica, porque aqui não se trata de assuntos de matéria religiosa, mas sim de matéria social, no qual a Igreja está à frente de qualquer instituição laica ou religiosa, a séculos de distância.
Por isso os inimigos da Igreja não podem ser fanáticos ao ponto de esquecer a realidade social e o peso da Igreja nessa, apenas por ser uma religião com esse peso, porque se fosse uma instituição laica não havia problema nenhum com esta descriminação. Aliás descriminação é uma palavra com costas largas, porque raio a fundação Saramago recebe subsídios do Estado, e tantas mais, e outras não?? Será que o peso do Saramago socialmente é relevante para Portugal? e culturalmente?? um prémio Nobel materialmente é prestigiante para Portugal, no entanto os livros estão cheios de mentira ideológica e de ódio. Mas os Portugueses graças a Deus chutaram o comunismo para fora de Portugal, por isso qualquer comparação com a Igreja Católica é um mero exercício teórico, a única diferença é que esta última é uma religião, logo há descriminação em relação às outras, vá-se saber porquê?..
A Igreja Católica também não precisa desses subsídios para nada, quem precisa são as pessoas carentes, no qual o estado não consegue ajudar justamente sem ajuda de terceiros que dedicam-se com altruísmo nessa área. Façam outra vez essa experiência fanática contra a religião, perseguindo a acção da Igreja na sociedade e terão uma crise social mil vezes pior do que esta. Já assim foi no passado quando por fanatismo, perseguiram a Igreja no ensino provocando um atraso histórico no alfabetismo português, como o historiador Rui Ramos sintetiza nesta resposta a uma entrevista à pouco tempo ao público:

Porquê? Porque nos países protestantes se aprendia a ler, para ler a Bíblia e isso não sucedia nos países católicos?

Essa explicação não chega, porque os muçulmanos lêem o Corão e não é por isso que se tornam mais letrados. Há é uma outra explicação, que nunca é referida: nenhum desses países que conseguiram uma alfabetização de massas durante o século XIX o fez contra a Igreja; foi sempre em articulação com ela. Ora em Portugal, primeiro com os liberais, a partir de 1820, e depois com os republicanos, o Estado não só tentou alfabetizar a população contra a Igreja, como entendia que a alfabetização era um veículo para substituir a educação religiosa por uma educação cívica formatada em Lisboa. As ordens religiosas, que em muitos países foram fundamentais para criar uma rede de escolas, em Portugal não podiam sequer ensinar a ler durante a Monarquia constitucional. Ou seja, tínhamos na Igreja uma instituição que podia ter sido fundamental para a alfabetização da população e preferimos chamar tudo para a alçada do Estado, que não tinha recursos e, portanto, falhou.

Foi por um excesso de Iluminismo que se produziu o obscurantismo

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