O que faz o homem livre? Antes de mais nós somos seres cuja a vida nos foi dada, e por isso todos os seres humanos têm um Pai e uma Mãe, mesmo as crianças que têm no papel dois pais ou duas mães.. e à medida que vamos amadurecer na vida tanto fisicamente e mentalmente, deparámos com as nossas fraquezas, com as nossas virtudes, no fundo conhecemos-nos como somos e vemos claramente os nossos limites, pelo menos falo por mim, não sei como os grandes homens se vêm .. mas sei que acabam como nós, no pó da terra.. Conhecendo então um pouco do mundo, um pouco daquilo que somos, construímos um projecto de vida que é confrontado com duas escolhas essenciais, no qual se resume a nossa liberdade, a imposição da nossa verdade e da nossa vontade, ou anuir e aceitar um mundo externo a nós, com a sua natureza e verdade. A escolha adequada, é o meio, já Aristóteles dizia que a virtude está no meio.
Assim quando Deus criou o homem, deu 3 ordens a Adão, e uma delas, é para que este domine o mundo, não um domínio contrário a este, mas um domínio natural, pois o Homem faz parte deste, e por isso não faz sentido combatê-lo quando é o mundo que nos sustenta. É caso para fazer a pergunta, nós somos livres para obedecer? A questão essencial tem haver com a finalidade da nossa liberdade, toda a gente age em vista a um bem, e infelizmente há homens com as devidas virtudes, que as usam para se fazerem deuses, para infortúnio do nós todos, e são poucos os que permanecem livres, quando lhes são concedidos essas virtudes. A liberdade, só existe quando permanece na verdade, no entanto, quando o homem progride nos bens, são poucos os que não caem, são poucos os que permanecem livres, são muitos que tornam-se tirânicos de si próprios, são poucos os que permanecem fiéis à verdade que abarca o mundo, e por isso os seus frutos são abundantes. Na história há esse movimento, semelhante ao que acontece na nossa vida. Entre a liberdade do homem e a liberdade de Deus, entre a verdade do homem, e a verdade do mundo.. podemos ver um pouco dessa evolução em dois dos maiores doutores da Igreja. Santo Agostinho, e Santo Tomás de Aquino, e sinteticamente o primeiro define a relação entre a graça de Deus (a acção de Deus) e a natureza do Homem (acção do homem), com esta primeira a completar o que falta à segunda, o que até se compreende no seu tempo pois viveu o Outono do Império Romano, no qual a acção do homem pouco conseguiu contrariar, e por isso foi uma fatalidade, a morte de uma era. Já Santo Tomás de Aquino, viveu na aurora do que hoje chamámos o mundo Ocidental, e por isso, faz uma síntese que reclama mais força para o homem, definindo uma equilibrada relação entre a graça de Deus, e a natureza do homem, na qual a primeira aperfeiçoa a segunda, mas não a substitui, como Santo Agostinho diz. É claro que na época Moderna, a acção de Deus no mundo foi sendo cada vez mais reduzida, devido a uma crescente arrogância do homem na sua capacidade de construir um mundo melhor, e ainda hoje há muitos resquícios disso. Ainda assim, actualmente parece que vivemos um outro Outono de uma era, e por isso, uma certa fatalidade e incapacidade humana abate-se sobre nós. Foi com os olhos de crianças que a Cristandade no século XIII olhou o mundo, e por isso a síntese Santo Tomás de Aquino é a mais clara e verdadeira. Na vida humana, a noção da nossa capacidade de agir, evoluiu seguindo normalmente os mesmo parâmetros, e como já disse acima, são poucos os que permanecem fiéis à Verdade. Como dizia a Santa Teresa d'Ávila a humildade é permanecer na Verdade, e por isso devemos construir o nosso projecto de vida, tendo em mente o projecto de Deus de Santidade, ou seja, tudo o que fazemos devemos fazer com perfeição. O projecto de Deus não oprime, mas transborda de plenitude de vida.
Nós somos livres para obedecer? A resposta é não, somos livres para ser felizes.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
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