Pelo que foi dito acima, creio que se compreende bem que na história não há nenhuma lei imanente do progresso da liberdade humana, da emancipação da cidade temporal quanto à submissão a Nosso Senhor Jesus Cristo.
Mas dizem os liberais como o Príncipe Alberto de Broglie em seu livro "A Igreja e o Império Romano no séc. IV", o regime que desejais da união da Igreja e do Estado, que foi a dos Césares cristãos e germânicos sempre conduziu a uma submissão da Igreja ao Império, a uma molesta dependência do poder espiritual ao temporal. Diz o autor: " a aliança entre o trono e o altar nunca foi durável, nem sincera, nem eficaz"1. Como consequência a liberdade e independência destes dois poderes tem valor.
Deixo ao Cardeal Pio, o cuidado de responder a estas acusações liberais; ele não tem dúvida em qualificar estas afirmações temerárias como trivialidades revolucionárias:
"Se vários príncipes ainda neófitos e ainda não desligados dos costumes absolutistas dos Césares pagãos, desde o princípio trocaram a protecção legítima por opressão; se procederam com rigor contrário ao espírito cristão (geralmente lutando por uma heresia, a pedido de bispos hereges), houve na Igreja homens de Fé e de valor como Hilário, Martinho, Atanásio e Ambrósio, para chamá-los ao espírito de mansidão cristã, para repudiar o apostolado da espada, para declarar que a convicção religiosa jamais se impõe pela violência e finalmente proclamar com eloquência que o cristianismo, que se havia propagado apesar da perseguição dos príncipes, podia prescindir de seus favores e não devia se colocar sob nenhuma tirania. Nós conhecemos e temos pesado cada palavra destes nobres atletas da Fé e da liberdade de sua Mãe a Igreja. Mas tendo protestado contra os abusos e excessos e censurado as acções intempestivas e falta de inteligência que às vezes atentavam contra o princípio e as regras da imunidade sacerdotal, nenhum destes seus chefes têm o dever de professar publicamente a verdade cristã, harmonizar com ela seus actos e instituições e também proibir com leis quer preventivas ou repressivas, segundo as disposições do tempo e dos espíritos, os atentados que deram carácter de patente impiedade e introduziram a inquietação e a desordem no meio da sociedade civil e religiosa"2
É um erro, ao qual foi dado destaque e que este trecho do Cardeal esclarece bem, dizer que o regime de "só liberdade" seja um progresso em relação ao regime de união das duas potências. A Igreja nunca ensinou que o sentido da História e o progresso consistem na tendência inevitável para a emancipação recíproca do temporal em relação ao espiritual. O sentido da História de Jacques Maritain e de Yves Congar não passa de um contra-senso. Esta emancipação que descrevem como sendo um progresso, não passa de um divórcio ruinoso e blasfemo para a cidade e Jesus Cristo. Foi necessária a falta de vergonha de "Dignitatis Humanae" para canonizar este divórcio, e isto, suprema impostura, em nome da verdade revelada!
Por ocasião da conclusão da nova concordata entre a Igreja e a Itália, João Paulo II declarava: "nossa sociedade se caracteriza pelo pluralismo religioso", e dava a consequência: esta evolução demanda a separação entre a Igreja e o Estado. Mas em nenhum momento João Paulo II pronunciou um juízo sobre esta troca mesmo sendo para deplorar a laicização da sociedade, ou simplesmente dizer que a Igreja se resignava a uma situação de facto. Não, sua declaração como a do Cardeal Casaroli, louvava a separação da Igreja e do Estado, como se fosse o regime ideal, o resultado de um processo histórico normal e providencia, contra o qual nada se pode dizer! Dito de outra forma: "Viva a apostasia das nações, eis aí o progresso!" Ou então: "Não devemos ser pessimistas! Abaixo os profetas de calamidades! Jesus Cristo já não reina? Que importância têm? Tudo bem! De qualquer modo a Igreja marcha rumo ao cumprimento de sua história. E depois de tudo Cristo vem, aleluia!". Este optimismo simplista enquanto já se acumulam as ruínas, este fatalismo, não são os frutos do espírito de erro e descaminho? Tudo isto me parece absolutamente diabólico.
1 Op. cit., T.IV, pág. 424, cit. Pelo P. T. De St Just,pág. 55.
2 3º instrução sinodal sobre os principais erro do tempo presente, Obras, T-V, pág. 178.
Texto retirado do livro: "Do liberalismo à Apostasia - a Tragédia Conciliar"
Autor: Mons. Marcel Lefebvre Editora Permanência
segunda-feira, 26 de julho de 2010
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