Senso ou Contra-Senso
Para os católicos chamados liberais, a história tem um sentido, ou seja, uma direcção. Na terra, esta direcção é imanente: a liberdade. A humanidade é empurrada por um sopro imanente para um consciência crescente da dignidade da pessoa humana, para uma liberdade cada vez maior de livre de toda a coacção. O Vaticano II se fará eco desta teoria dizendo, a exemplo de Maritain (Católico Liberal):
"Em nosso tempo, a dignidade da pessoa humana é objecto de consciência cada vez mais viva; são cada vez mais numerosos os que reivindicam para os homens a possibilidade de agir de acordo com suas próprias opiniões e segundo sua livre responsabilidade"1
Ninguém discute que seja desejável que o homem se encaminhe livremente para o Bem; mas é muito discutível que nossa época ou mesmo o sentido da história em geral, estejam marcados por uma consciência crescente da dignidade e liberdade humana. Somente Jesus Cristo ao conferir aos baptizados a dignidade de filhos de Deus, mostra aos homens em que consiste sua verdadeira dignidade: a liberdade de filhos de Deus de que fala São Paulo (Rm 8, 2). Na medida em que as nações se submeteram a Nosso Senhor Jesus Cristo, viu-se com efeito o desenvolvimento da dignidade humana e um sã liberdade; mas desde a apostasia das nações com a instauração do liberalismo, é forçoso verificar que, pelo contrário, se não reina Jesus Cristo "as verdades diminuem entre os filhos dos homens" (Sl 11, 2), a dignidade humana é cada vez mais desprestigiada e achatada, e a liberdade fica reduzida a um tema sem vazio sem qualquer conteúdo.
Em alguma época da história já se viu um empreendimento tão radical e colossal de escravidão, como a técnica comunista de escravizar as massas?2 Se Nosso Senhor nos convida a "ver os sinais dos tempos" (Mt. XVI, 4), então foi necessária uma cegueira voluntária dos liberais e um concluio absoluto de silêncio, para que um concílio ecuménico reunido precisamente para ver os sinais de nosso tempo3, se calasse acerca do sinal dos tempos mais evidente, que é o comunismo. Este silêncio basta por si só para cobrir de vergonha e reprovação este Concílio, diante da História, e para mostrar o ridículo do que alega o preâmbulo de "Dignitatis Humanae", que lhes citei.
Por conseguinte, se a história tem um sentido, não é certamente a tendência imanente e necessária da humanidade para a liberdade e a dignidade; isto não passa de uma invenção "ad justificandas justificationes suas", para justificar seu liberalismo, para cobrir coma máscara enganosa do progresso o vento gelado que fazem soprar sobre a cristandade, há dois séculos.
1 - Declaração sobre a Liberdade Religiosa, preâmbulo.
2- Cf. J. Madirain, "La vieillese du Monde" DMM, Jarzé, 1975.
3 - Cf. Vaticano II, "Gaudium et Spes", nº4 & 1, 11 & 1.
Texto retirado do livro: "Do liberalismo à Apostasia - a Tragédia Conciliar"
Autor: Mons. Marcel Lefebvre Editora Permanência
terça-feira, 20 de julho de 2010
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