segunda-feira, 22 de junho de 2009

Sereis como Deuses?

O Panteísmo identifica a criação com Deus, ou seja que Deus é imanente ao universo, melhor dizendo faz parte da substância do universo! Assim o Panteísmo tem em comum com a Gnose, a mentira na qual Adão e Eva caíram "Sereis como Deuses..". Adão e Eva deviam saber que os caminhos da serpente não são rectos, mas esta também é astuta, assim tocou-lhes no mais profundo da alma, ao dizer "Sereis como Deuses", seduzindo Eva, que quis ser enganada, por tamanha cobiça! É pois de não estranhar, que o Panteísmo e a Gnose apesar de serem em principio antagónicos, diferentes à primeira vista, como por exemplo o Panteísmo proclamar o bem do universo, ao contrário da Gnose, estes acabam por se levar um ao outro, são quase que dialécticos, sem saída, ficámos presos, até à morte consumada na boca da serpente provocada por sua língua bifurcada, qual símbolo que a Gnose e o Panteísmo representam! Bom mas já falámos na Gnose, noutras postagens, agora vamos falar no Panteísmo!
Como já dissemos para o Panteísmo Deus seria o Universo, e o actual estado deste, seria apenas um estágio até à evolução final, até à manifestação Divina deste! Assim o Universo seria determinista, optimista, que apontava para o futuro brilhante até à redenção final do homem pelo próprio homem! Pois a matéria, mineral, evoluí até surgir o vegetal, depois veio o animal até aparecer o homem, animal racional, e este dará à luz a inteligência pura, ou matéria espiritualizada, no qual compreenderá e dominará todo o universo! De facto hoje vivemos numa sociedade de conhecimento, dominada pela técnica, progresso, e o olhar no futuro, mas nem sempre foi assim, porque ao contrário destes ideais, o homem sempre observou na natureza ciclos que regiam-na, desde as estações, até à própria vida, e talvez seja daí que surgiu a ideia da reencarnação. Tudo o que existe e existirá, voltará a existir, e nada haverá de novo na história pois o que é novo viverá e o velho perecerá, velhos impérios cairão e novos ressurgirão. O mundo antigo partilhava destes pensamentos, até o mundo Grego que nos legou parte do pensamento. Mas foi com o Cristianismo que esta visão mudou pois ao crer-se que tudo o que passa na terra, acontecerá outra vez, então Cristo não morreria uma, mas várias vezes e ressuscitaria várias vezes, e o Reino de Deus futuro nunca aconteceria na história, pois era inalcançável na História cíclica, no entanto a crença no "Eterno Retorno" era irreconciliável com a Fé Cristã pois nas próprias palavras de Santo Agostinho "Deus proibiu que acreditássemos no [Eterno Retorno]. Uma vez que Cristo morreu uma vez pelos nossos pecados, e ressuscitando depois, não torna a morrer" A concepção linear no tempo pelo Cristianismo e Judaísmo, introduziu no mundo a ideia do progresso, pois já no judaísmo a glória do Povo Judeu não era o passado glorioso do Rei David e Salomão, mas sim o futuro Reino instituído pelo Messias no qual não terá comparação em glória e Poder, tal é o seu brilho. Com o Cristianismo o futuro também será risonho, pois a segunda vinda de Cristo, agora em glória e Poder, será seguida pela criação de novos Céus e nova Terra onde o último inimigo a ser vencido será a morte, e não haverá mais dor nem tristeza! esta é a cultura que nasceu nas sociedades Judaico-Cristã. No entanto o progresso, foi desvirtuado (devido à aniquilação do Homem, do Mundo e de Deus), num progresso material que a ciência protagonizou, e por isso, passou da esfera da Religião para a Ciência, e esta os carrega, pois agora o homem procura a sua redenção nesta, transformando -a quase que numa religião, pois a matéria é o seu objecto de estudo, e o Panteísmo divinizou-a. Assim também se compreende o crescente número de ateus, que se podem considerar panteístas. Mas o que significa o progresso humano? hoje o homem é visto como mera máquina, já não é contemplando com a plenitude do seu ser, o próprio conhecimento foi eliminado pois a verdade tornou-se subjectiva, focalizando a razão apenas na técnica e não na verdade, assim a sua vontade, sem estes dois, cai nos instintos e paixões! Consequentemente, hoje a identidade do homem como de qualquer objecto é apenas a sua utilidade num materialismo repugnante, e talvez por isso houve um tremendo progresso na técnica, mas no homem aparentemente não houve nenhum, hoje somos quase que animais que vivem de instintos e desejos, mas em vez de pedras para atirar aos outros, temos bombas que podem provocar o fim do mundo! Hoje a ciência pode construir máquinas com muita mais capacidade de memória e processamento do que o homem, máquinas que poderão dominar o universo, mas este ‘Deus’ que pode prolongar a espécie humana no tempo do universo está muito longe de ser a plenitude humana, porque o homem não é uma máquina inteligente que pode criar outras máquinas mais inteligentes ou pelo menos não é só isso. O Homem é um ser racional que pode contemplar as perfeições do universo, contemplar o ser por excelência, e buscar as suas perfeições, para chegar à plenitude que Deus quis. O Homem não pode abdicar da sua plenitude, Ser, razão e vontade, porque se não corremos o risco de auto-destruímos com a técnica desenvolvida, porque sem a plenitude do verdadeiro progresso, que qualquer homem pode alcançar! Como Cristo disse “Sede, pois, perfeitos, como também vosso Pai do céu é perfeito"
Mas o Panteísmo ao declarar que o Universo é Deus, este tinha que ter as qualidades de Deus, coisa que não têm pois teve um inicio. No entanto agora existe uma teoria, na qual o Homem depois de construir ‘Deus’, tipo uma máquina universal, esta antes do universo colapsar segundo a teoria do Big Crunch, ordenaria o Universo para que o nascimento do próximo Universo, com um novo Big Bang, estaria concebido para criar a vida, tal com este em que vivemos e isto assim infinatemente. Mas mesmo que os universo colapsassem segundo a teoria do Big Crunch, o Deus que o Homem construiria estava muito longe de ser a plenitude do homem, simplesmente era a plenitude do engenho humano, e também voltaríamos à situação do ‘Eterno Retorno’ contrário à Fé Cristã!

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